Olá!!!
O
texto de hoje será muito útil para as portadoras de Endometriose,
principalmente, para aquelas que estão um pouco perdidas em relação aos exames
usados no diagnóstico da Endometriose. Embora este seja um assunto bastante
discutido tanto aqui no blog quanto nos nossos grupos no facebook, por diversas
vezes, encontramos nos grupos perguntas relacionadas a determinado exame, como
ele é feito, qual o objetivo dele e etc.
Nesse
texto, tentamos resumir, ao máximo, os exames mais solicitados pelos médicos
especialistas, explicando de uma forma simples como ele é realizado e para que
servem. Aproveitamos também para colocar nessa lista, exames que alguns médicos
solicitam, mas que não são tão específicos/úteis para o diagnóstico da doença.
Dessa forma, vocês poderão conhecer os exames e saber diferenciar qual o melhor
para cada caso. Lembrando sempre que é o médico quem deve solicitar os exames
de acordo com a necessidade e utilidade em cada caso. Porém, não custa nada
ficarmos informadas, né?!
1-
Histeroscopia - é um procedimento
que permite a visualização do útero por dentro, a chamada cavidade endometrial,
ou seja, a visualização da cavidade uterina através de endoscopia.
quando há suspeita de doenças dentro do útero. A histeroscopia pode ser
realizada com alguns objetivos. Um deles é completar a investigação de um
problema, como um sangramento anormal ou adenomiose, ou para retirada de um
mioma, polipo ou outro tipo de lesão que esteja dificultando um casal de
engravidar ou levando a outros problemas na mulher. Também é solicitada para
colocação e retirada realizar a retirada de DIUs (inclusive o mirena) e acompanhar
lesões como adenomiose e do colo uterino causadas pelo HPV (Papiloma Vírus
Humano).
Há casos também de abortamento de repetição, infertilidade sem causa aparente e outras situações onde o médico julgar necessário. Existem dois tipos de Histeroscopia e quem determina qual será necessária, é o médico, porém ambas tem praticamente a mesma função:
- Histeroscópia Diagnóstica- observa-se a cavidade uterina, o canal cervical e a vagina. A grande vantagem é a possibilidade de ser realizada em ambulatório, sem o uso de anestesia/sedação e sem internação. Em posição ginecológica, é introduzido o histeroscópio, com uma camara acoplada, pela vagina, que chega através do canal do colo uterino até a cavidade endometrial, levando luz ao seu interior, bem como soro fisiológico para distendê-la. Como a mulher estará acordada, poderá acompanhar o exame através do monitor. É um exame relativamente rápido e em casos de pequenos de pólipos ou outras pequenas lesões ( que geralmente são encaminhadas para biopsa) podem ser retirados no exame mesmo. Algumas mulheres, referem sentir apenas poucas cólicas durante a realização do exame, já outras referem-se a bastante dor, por isso alguns médicos optam por realizar este exame no centro cirúrgico. A intensidade das cólicas e dor pélvica varia de acordo com o limiar de dor de cada mulher.
- Histeroscopia Cirurgica: Muito semelhante a Histeroscopia Diagnóstica e com, praticamente, os mesmos objetivos. Muito indicada para mulheres com grandes e/ou muitos pólipos, miomas, outros tipos de lesões onde é necessário a retirada para enviar o material para analise de biopsa e ablação endometrial.. A diferença é que a histeroscopia cirúrgica é reaizada dentro de um centro cirúrgico com a mulher devidamente sedada/anestesiada. A avaliação do risco cirúrgico é feita como em qualquer procedimento, considerando-se o porte da operação a ser realizada e o tipo de anestesia. O pós-operatório normalmente é simples e quase que imediato. Depois de a mulher acordar da anestesia, ela fica em observação por cerca de 60 minutos, podendo variar um pouco esse tempo de acordo com o que foi realizado no procedimento ( poucos são os casos em que a mulher fica internada por mais de 24hs). Assim que estiver acordada e bem terá alta. Porém, depois da alta a mulher poderá sentir um pouco de dor e desconforto; bem como um pouco de perda de sangue. Caso o sangramento fique extenso e muito dolorido, entrar em contato com o médico. É importante ressaltar que a Vídeo-Histeroscopia é diferente da Video-Laparoscopia.Temos visto nos nossos grupos no facebook, muitas portadoras se submetendo a Video-Histeroscopia achando que está realizando a Videolaparoscopia. São exames (cirurgias) distintos, com objetivos diferentes e recuperação também! A video-Histeroscopia visualiza apenas a cavidade interna do útero, enquanto a videolaparoscopia consegue visualizar toda a pelve ( incluindo trompas, ovários, bexiga, intestino, etc).
2-
Histerossalpingografia: é um exame de radiografia usando-se contraste, para verificar
as condições anatômicas dos órgãos
reprodutores femininos: útero e tubas. É normalmente
realizado para verificar se há alguma anomalia no útero ou nas trompas da mulher que
apresentam dificuldade para engravidar, mas também pode ser feito para investigação de outros
problemas ginecológicos ligados à anatomia do útero e das trompas. Através deste exame
é possível ver se as trompas estão obstruídas ou não, o que é fundamental para
uma gravidez natural, ou seja, sem o auxílio da reprodução assistida.
O exame é feito através de um aparelho de raio
X associado ao uso de contrate, que normalmente, é composto de iodo, com
paciente em posição ginecológica. O
procedimento dura cerca de 30 minutos e algumas mulheres referem-se a dor
semelhante a cólicas menstruais, podendo ser de leve a forte. Porém, algumas clinicas
já realizam este exame com um nova técnica que minimiza os possíveis
desconfortos e dores durante o exame.
Os
melhores dias para a realização deste exame são antes da ovulação e logo após o
término da menstruação, ou seja, entre os dias 6 a 12 do ciclo menstrual; e
recomenda-se o jejum sexual por alguns dias após a realização do mesmo. A depender do
local de realização do exame, recomendam o a limpeza do intestino, com laxantes,
no dia anterior do exame, bem como o uso de anti-inflamatórios ou antiespasmódicos para
evitar espasmos ou desconfortos. Antes de o exame ser realizado, pode ser
necessária a limpeza
do intestino, usando laxantes no dia anterior, para que os gases e fezes na
região pélvica não atrapalhem
na visualização do resultado.
3-
Ca
125:
é um marcador
tumoral utilizado principalmente para detectar o câncer de ovário, entretanto
pode se apresentar alterado na presença de outras patologias como o câncer de
endométrio e na endometriose. Geralmente é realizado durante os três primeiros
dias da menstruação, mas não podemos considera-lo um exame definitivo no
diagnóstico da endometriose. Em muitos casos, este marcador poderá se
apresentar normal, mesmo quando há a presença desta doença. Por este motivo, a
dosagem do CA125 deve ser utilizada apenas para ajudar a compor o raciocínio
clínico, sendo necessário que a paciente realize os demais exames antes que se
feche o diagnóstico.
4-
Ressonância magnética com protocolo para Endometriose: A Ressonância Magnética é um exame que obtém imagens dos órgãos, em alta definição, através da utilização do campo magnético. Este exame têm se mostrado bastante útil nas visualizações de determinadas lesões de endometriose, especialmente as ovarianas. Também é utilizado para visualizar lesões vaginais, avaliar o útero, e também lesões que possam estar presentes nos ureteres.
A mulher deve permanecer deitada, imóvel durante todo o tempo do exame, que dura cerca de 20 a 25 minutos, podendo variar de acordo com cada caso. O exame pode ser realizado em qualquer dia do ciclo e não causa dores, mas pode ser desconfortável, uma vez que a paciente deve permanecer imóvel durante todo o procedimento. A Ressonância Magnética para pesquisa de endometriose, deve-se seguir um “protocolo” de procedimentos que consiste em realizar um prévio preparo intestinal (o mesmo feito na ultrassonografia) e o uso do gel vaginal, que é colocado minutos antes do exame. Pode-se também utilizar o contraste, entretanto, de acordo com pesquisas, ele não é crucial para visualizar as lesões de endometriose, sendo utilizado, apenas, para diagnosticar outras possíveis patologias. Por ser um dos principais exames usados no diagnóstico da Endometriose Profunda, já falamos especificamente deste exame num dos nossos textos anterior. Vale a pena dá uma lida separadamente no texto: Diagnóstico da Endometriose parte II
5-
Ultrassonografia com preparo intestinal: Junto com a Ressonância com protocolo para endometriose, é um dos exames mais importantes no diagnóstico da Endometriose Profunda. A ultrassonografia transvaginal é realizada com um aparelho, chamado transdutor, inserido através da vagina, e que utiliza ondas sonoras para visualizar a imagem dos órgãos e estruturas pélvicas. O preparo intestinal na realização deste exame, também se tornou importante, inclusive para a visualização das lesões de endometriose em outras regiões, pois muitas vezes os gases intestinais causam “zonas de penumbra” que atrapalham, inclusive, a visualização dos ovários e outras regiões que podem estar comprometidas.
Importante ressaltar, que este exame é diferente da ultrassonografia transvaginal que é comumente solicitada pelos ginecologistas e não adianta realizar a transvaginal comum e realizar o preparo por conta própria pois o que garante a qualidade do exame é a qualificação e a experiencia do médico que está realizando. Ou seja, você pode fazer o exame, realizar todo o preparo como recomendado porém se for feito por um médico que não tenha o domínio da técnica e não tenha a especialização e experiencia, com certeza, o exame dará um resultado errado. Dura cerca de 20 a 30 minutos ( podendo variar de acordo com cada caso) e, geralmente, costuma ser indolor porém um pouco incomodo. Pode ser realizado em qualquer dia do ciclo. Também foi tema do nosso texto Diagnóstico da Endometriose parte II onde foi explicado detalhadamente a importancia e como é realizado este exame. Vale a pena conferir o texto e a entrevista com a Dra. Luciana Chamié, médica especialista em diagnóstico da endometriose por imagem.
6-
Colonoscopia: é um exame que permite visualizar e analisar o revestimento
interno do intestino grosso e parte do delgado, correspondente ao reto e ao
cólon, através de um
tubo flexível introduzido pelo ânus, contendo em sua extremidade
uma minicâmera que transmite imagens coloridas, podendo ser fotografadas
ou gravadas em vídeo. É realizado com a mulher
sedada, deitada de lado para a melhor introdução do aparelho pela via anal. É necessário um preparo intestinal, que deverá ser realizado no dia anterior, onde inclui além do uso de uma medicação chamada Manitol ( cujo o objetivo é limpar todo o intestino) e uma dieta alimentar liquida. Geralmente o exame leva em torno de 20 a 30 minutos, sendo que apos a realização a mulher deverá ficar um pouco no local de repouso e só será liberada apos alimentação e plena recuperação. É indicada para realizar biopsias da mucosa, corrigir pequenos sangramentos e retirar eventuais pólipos intestinais.
Alguns médicos especialistas em
endometriose solicitam a colonoscopia para complementar o diagnóstico da
endometriose intestinal. Porém é necessário lembrar que ela por si só não exclui
a possibilidade da mulher ter este diagnóstico, já que a colonoscopia só visualiza
a parte interna do intestino e a Endometriose começa a acometer a parte
intestinal da camada externa para a interna. Ou seja, pode ser que a mulher
tenha uma lesão de endometriose que esteja acometendo as primeiras camadas do
intestino e que não tenha alcançado ainda a parte mais interna do intestino,
que é a visualizada pela colonoscopia. Por isso o melhor exame para o
diagnóstico da endometriose intestinal, é sempre a USG com preparo intestinal
e/ou ressonância magnética com protocolo para Endometriose. A depender do
resultado desses dois exames, o médico poderá solicitar a colonoscopia para
verificar se a lesão já alcançou a luz intestinal.
7-
Retossigmoidoscopia- É um exame utilizado para
avaliar a mucosa do reto e do sigmoide, bem como o diagnóstico das doenças que
acometem a porção final do intestino grosso, como: câncer retal, pólipos
intestinais, divertículos em sigmoide, colites, diagnosticar amebíase através
de biópsia de reto. Alguns médicos quando suspeitam que a mulher
está endometriose intestinal e a lesão está acometendo parte final do
intestino, solicitam este exame. É
semelhante a colonoscopia, onde é introduzido um retossigmoidoscópio rígido ou flexível na cavidade anal que permite a
visualização do reto e colón sigmoide.
A depender da clinica onde você realiza
este exame, você poderá ser levemente sedada e /ou apenas utilizarem um
anestésico local que deixa o exame menos desconfortante. É um exame
relativamente rápido e quase sempre não é preciso o jejum, apenas a limpeza do
colo retal com phospoenema ( o preparo pode ter modificação a depender da
clinica onde seja realizado. Por isso siga sempre as recomendações do local do
exame). Porém, ocorre o semelhante a colonoscopia onde só consegue observar a
parte interna do intestino. Por isso, a depender da lesão o exame pode dá
normal mesmo a mulher tendo endometriose no local. É muito usado para avaliação
do pós cirúrgico quando ocorre a anastomose na porção final do intestino afim
de verificar se está tudo normal com a cicatrização.
8- Enema Opaco: Conhecido também como clister opaco trata-se de um exame que utiliza Raios-X
para diagnosticar patologias no interior do intestino grosso. O exame dura cerca de 40 minutos, é realizado sem anestesia e pode causar dores e
desconforto durante a realização. É necessário o jejum absoluto de 8 a 10 hs
antes do exame ( vai depende do local onde você vai realizar) e a limpeza do
intestino com laxante e por via retal, já que o intestino deverá estar
totalmente limpo para uma boa visualização no exame. É um exame pouco
solicitado pelos médicos especialistas por existirem outros exames como a
colonoscopia que visualiza com segurança e mais conforto da mulher.
9-
Exame Anti- Mulleriano- É um exame de sangue muito solicitado pelos médicos
especialistas em reprodução humana para aquelas mulheres que estão tentando
engravidar pois ele é o melhor marcador da reserva ovariana. Para ficar mais
claro vamos explicar, todo mulher já nasce com uma quantidade pre- definida de
óvulos e vai perdendo ao longo do tempo. Para vocês terem ideia, ao nascermos
já perdemos uma boa quantidade de óvulos e ao longo dos anos vamos perdendo
mais e mais. A mulher com endometriose acaba sofrendo com isso, assim como
todas as outras mulheres, porém tem um diferencial: muitas portadoras precisam
se submeter a cirurgias/videolaparoscopias para retirada de lesões da
endometriose e a cada cirurgia, milhares de óvulos vão embora. É importante
ressaltar, que mesmo que não se mexa diretamente nos ovários, quando a mulher
realiza uma cirurgia pélvica, acaba perdendo óvulos. Esse exame é de extrema
importância pois consegue dosar a reserva ovariana da mulher. Como já foi dito,
muitos médicos especialistas em reprodução humana solicitam para avaliar a
melhor forma de tratamento e também os médicos especialistas em endometriose
têm solicitado antes de cirurgias com extensão grande, principalmente se a
mulher tiver uma lesão grande nos ovários. Dessa forma, ele poderá ver como tá
a reserva da mulher e verificar se tem a necessidade de pedir para congelar os
óvulos antes da cirurgia ou não. Recomenda-se dosar esse hormônio no terceiro
dia do ciclo e, infelizmente, a grande parte dos planos de saúde ainda não
cobre. Por isso muitos médicos não solicitam já que o custo geralmente é alto.
10- Cistocopia: Também
conhecido como uretrocistoscopia, é um exame endoscópio das vias urinárias
baixa, possibilita a visualização ótica dos segmentos uretrais e da bexiga. O
exame é realizado pelo urologista que insere um aparelho chamado de Cistoscópio
através da abertura da uretra. Esse mesmo cistoscópio, injeta soro fisiológico para
expandir a bexiga, facilitando assim a visualização da mesma. O exame dura cerca de 15 a 20 minutos e pode ser realizado no consultório
médico, recebendo um anestésico local, ou no centro cirúrgico, nesse último
caso, onde a mulher será levemente sedada. Alguns médicos especialistas em endometriose, solicitam este exame quando a mulher tem suspeita de Endometriose urinária.
11- Estudo Urodinâmico: É um estudo para avaliar as condições
funcionais do trato urinário baixo, que pode ser comprometido na mulher que
possui endometriose urinária/vesical. Através deste exame é estudado as várias fases do ato de produzir,
transportar, reter e excretar urina, bem como o volume produzido, excretado ou retido, tempo de
produção, capacidade volumétrica das vias urinárias, pressão de fluxo no
interior das vias urinárias. O exame deverá ser realizado, preferencialmente,
com a bexiga cheia. Após a realização do exame, a mulher pode ter aumento da
frequência urinária e disúria (sensação de dor, ardor, ou
desconforto ao urinar), poucos
casos pode ocorrer também sangramento. O exame consiste em 3 partes:
Urofluxometria, Cistometria e Estudo Miccional. Geralmente as mulheres que
realizam este exame relatam um certo constrangimento, já que é necessário
urinar num vaso que é ligado aos computadores pelo qual o médico acompanha o
exame e os resultados, em seguida é colocado duas sondas ( uma pelo canal da
uretra e outra pelo anus) que vão encher a sua bexiga com soro para que você
informe o grau de enchimento vesical (importante na questão das perdas
urinárias) e, posteriormente, é solicitado que você urine ( sua bexiga estará
cheia de soro frio) novamente no vaso porém desta vez com a sonda. O exame tem,
aproximadamente, uma hora de duração.
12- Tomografia Computadorizada: Envolve o uso de um equipamento rotativo
de Raios-X, combinado com um computador digital, para obtenção de imagens do
corpo. A tomografia utiliza um tubo de raio X que gira em torno do corpo,
fazendo radiografias transversais. Não é um exame muito indicado para o
diagnóstico da Endometriose.
Esperamos
que esse texto ajude bastante vocês em relação as dúvidas!! Lembrando que esses
exames são essenciais antes da videolaparoscopia pois com os resultados destes,
o médico poderá traçar e preparar a melhor equipe para entrar no centro cirúrgico de
acordo com cada caso.
Até a próxima!!!
Equipe
GAPENDI
Marília
Gabriela Rodrigues
Luciana
Diamante
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