Olá,
queridas seguidoras e seguidores!
Muita
gente pode não acreditar, mas a Endometriose pode ser devastadora para a vida
da mulher. Talvez até possamos dizer que estamos lidando com uma doença
destruidora de sonhos, de projetos de vida, de desejos, de relacionamentos.
Exagero? Não! Nem um pouco.
A própria
imagem acima já nos mostra quantas áreas e aspectos da vida da mulher podem ser
afetados por esta doença! E ainda tem gente que considera a Endometriose uma
doença de "mulher fresca". Dá para acreditar? Por isto, cada vez mais
a informação se torna algo necessário para que a doença seja mostrada
exatamente como ela é, incluindo todos os aspectos difíceis que muitas vezes
são omitidos em reportagens, entrevistas, na mídia e etc.
Por isto,
nesta postagem, vamos publicar um texto escrito pelo ginecologista especialista
em Endometriose, Dr. Marco Aurélio Pinho
de Oliveira, que nos foi gentilmente cedido e que fala um pouco sobre a
Endometriose e suas difíceis consequências para a vida das portadoras.
Informe-se
e divulgue!
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Quando a saúde compromete a vida profissional
O afastamento do mercado de trabalho é apenas uma das consequências da endometriose, mal que acomete cerca de sete milhões de brasileiras
Andrea Lira Lanhas menstruou aos 11 anos e a partir dos 13 passou a sentir muitas cólicas e dores abdominais. Ao procurar o médico foi informada de que aquilo era normal mas, não satisfeita, procurou por outras opiniões. Entre o primeiro sintoma e o diagnóstico correto passaram-se 19 anos:ela sofria de endometriose, um mal que atinge de 7 a 10 milhões de brasileiras e é a principal causa de infertilidade no sexo feminino.
Ao longo desse tempo, Andrea foi extremamente prejudicada pela doença. Além de não ter conseguido engravidar, como a dor causada pela endometriose é frequente e muitas vezes intolerável, é comum que as mulheres tenham que se afastar de suas atividades laborais. “Meu rendimento caia muito por causa das dores. Precisava tomar anti-inflamatórios ao longo do dia para aguentar”, explica.
Hoje, aos 42 anos, após duas laparoscopias e uma tentativa frustrada de fertilização in vitro, a comerciante conquistou a tão sonhada qualidade de vida. “Tomo pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, que impedem o crescimento de outros focos. Ainda sinto alguns incômodos e volto ao médico de seis em seis meses para acompanhamento, mas nada que atrapalhe meu dia a dia”, conta Andrea, que pretende tentar uma nova fertilização no ano que vem. “Quero muito ser mãe”, diz.
Crença de que sentir dor é normal atrasa o diagnóstico em sete anos
De acordo com o ginecologista Marco Aurélio Pinho de Oliveira, membro da Comissão Nacional de Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é importante que, assim como Andrea, as pessoas entendam que sentir dor durante o período menstrual não é normal. “A cólica incapacitante em adolescentes é o primeiro sintoma. A ideia de que sentir dor ao menstruar não é nada demais é uma das razões para o diagnóstico tardio”, explica. “Por ser uma doença que acomete quem está em idade reprodutiva, mulheres de todas as idades podem desenvolver a endometriose”, completa.
Pinho de Oliveira observou que casos como o de Andrea, em que o intervalo entre o primeiro sintoma e o diagnóstico pode levar anos, são mais comuns do que se pensa. Estudos apresentados durante o último Congresso Mundial de Endometriose (Montpellier, França) apontaram para um retardo de sete anos em média, fenômeno presente em vários países, incluindo o Brasil.
Mas afinal, o que é essa doença que afeta a vida de tantas mulheres? “Consiste na presença do endométrio, que é a camada interna do útero, em outros locais”, diz Pinho de Oliveira, que também dirige o Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele explica que, no momento da menstruação, parte do sangue eliminado passa pelas trompas e cai dentro da barriga. Ele contém células que têm a capacidade de crescer em locais como o ovário. “Quando o sistema imunológico responsável pela defesa do organismo não consegue eliminar essas células tem início o processo que leva à endometriose”, completa.
Repercussões
A doença afeta as mulheres de várias maneiras. “A vida conjugal, por exemplo, pode ser prejudicada pelas queixas de dor na relação sexual e pela ausência de gravidez”, explica o ginecologista. Mas as cólicas, a infertilidade e as dores durante a relação sexual não são os únicos sinais. “Dor com irradiação para a raiz da coxa ou para o ânus e desconforto para evacuar (às vezes acompanhada de diarreia) ou para urinar durante o período menstrual também são sintomas da doença”, esclarece.
Prevenção, diagnóstico e tratamento
Como o estabelecimento da endometriose necessita da presença da menstruação, qualquer tratamento que consiga bloqueá-la por um tempo prolongado pode impedir ou dificultar o crescimento dos focos. “Existem alguns medicamentos hormonais que são normalmente usados para esse fim”, diz Marco Aurélio Pinho de Oliveira. No caso de mulheres que já sofrem da doença, é importante estimular o conceito de prevenção secundária, ou seja, impedir ou dificultar o avanço.
De acordo com o especialista, o toque ginecológico pode revelar nódulos fixos e dolorosos na parte posterior do útero. “O toque retal também pode detectar o envolvimento dos tecidos em torno dele e do reto”, informa. A coleta de sangue venoso para dosagem do Ca-125 é outra aliada e pode ser utilizada, especialmente quando realizada no período menstrual.
Mas a certeza do diagnóstico só pode ser dada por meio da biópsia feita durante a laparoscopia. “O procedimento consiste na introdução de uma microcâmera através de um pequeno corte no umbigo e na manipulação da cavidade abdominal com instrumentos cirúrgicos delicados”, explica. "A alta qualidade da visão obtida nessa cirurgia permite a ressecção precisa dos focos de endometriose, minimizando a formação de aderências, com o consequente aumento das taxas de gravidez”, completa.
É importante salientar que a endometriose não é um câncer e não leva à morte. Porém, ainda assim, não se pode garantir a cura definitiva, mesmo com o tratamento adequado. “Mas a dor e os sintomas da doença podem ser bastante reduzidos, preservando inclusive a fertilidade”, explica Pinho de Oliveira.
Marco Aurélio Pinho de Oliveira
Chefe
do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE -
UERJ);
Membro
da Comissão Nacional de Endometriose da Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo);
Membro
da Diretoria da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL).
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Até a próxima!
Equipe Gapendi
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