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sexta-feira, 15 de julho de 2011

OS HORMÔNIOS FEMININOS: UMA ORQUESTRA EM NOSSO CORPO

Você sabia que o funcionamento do corpo feminino pode ser comparado ao de uma Orquestra Sinfônica? Sim, pois numa orquestra, os Músicos são agrupados de acordo com os seus Instrumentos, tendo cada um o seu lugar. Para que possam tocar em harmonia, precisam obedecer aos comandos do Maestro e acompanhar com atenção o Solista. Se algum Músico começar a tocar antes do momento certo, acabará confundindo e atrapalhando todos os outros demais. E se algum deles desafinar, errar as notas ou tocar fora do ritmo, a melodia perderá a harmonia e ficará feia. Tudo precisa ser metricamente planejado para que a Sinfonia saia perfeita e agradável aos ouvidos.

Com o corpo feminino acontece a mesma coisa e fazer esta analogia pode nos ajudar a entender o importante papel dos hormônios em nosso organismo.

Para facilitar, vamos conhecer os integrantes da nossa "Orquestra do corpo feminino":



- HIPOTÁLAMO: é o nosso Maestro. Está localizado em uma região do cérebro e comanda diversas funções do nosso corpo, entre elas, a de regular a secreção hormonal. Ele é o responsável pela liberação de um hormônio (muito conhecido entre as portadoras de endometriose) chamado GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) que é o responsável pelo desenvolvimento das gônadas (glândulas sexuais) femininas, ou seja, os ovários, e também pela produção de FSH (Hormônio Folículo Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante) que são liberados pela Hipófise.



- HIPÓFISE: é a Solista da Orquestra. A Hipófise ou Glândula Pituitária, também está situada no cérebro e atua de acordo com as "ordens" do Hipotálamo, liberando a produção dos hormônios: FSHLH que irão agir diretamente no crescimento e maturação dos folículos ovarianos. Também é responsável pela produção da Prolactina - hormônio que estimula a secreção de leite nas mulheres.



- OVÁRIOS: poderiam ser comparados aos Músicos de uma Orquestra. São glândulas sexuais que tem como função a produção dos hormônios femininos e também dos óvulos (células reprodutoras femininas).



- HORMÔNIOS FEMININOS: são os Instrumentos desta Orquestra. Quando "tocados", estes hormônios atuam para permitir o funcionamento adequado do ciclo reprodutivo.  Os principais hormônios femininos são o Estrógeno e a Progesterona, produzidos principalmente nos Ovários.



Todos os integrantes desta Orquestra Feminina agem de forma harmoniosa, garantindo a produção correta (e no tempo certo) dos hormônios necessários para o perfeito funcionamento do nosso corpo. Por outro lado, quando um destes integrantes adoece, os demais se desestabilizam, causando a maior desafinação no nosso organismo!





- A IMPORTÂNCIA DOS HORMÔNIOS FEMININOS



Agora que já entendemos a origem dos nossos hormônios, vamos tentar explicar a função e a importância de cada um deles para o nosso corpo:



A) FSH e LH: Hormônio Folículo Estimulante e Hormônio Luteinizante. Estes dois hormônios atuam em conjunto. São liberados pela hipófise e fabricados tanto no corpo feminino quanto masculino. Na mulher o FSH estimula a secreção de estrógeno e é responsável pelo crescimento e maturação dos folículos ovarianos durante a ovogênese. Já o LH atua no final do amadurecimento dos folículos e na ovulação . Além disto, o LH mantem, dentro do ovário,  uma estrutura endócrina temporária que se forma após a saída do óvulo e é chamada de "Corpo Lúteo", responsável pela produção de progesterona que mantem o início da gravidez.

Desta forma, quando o médico nos pede para dosar a quantidade de FSH, ele quer saber se temos reserva folicular, ou seja, quer conhecer nossa capacidade fértil. Geralmente é medido nos três primeiros dias da menstruação, e quanto mais baixo for o seu valor (geralmente menor que 15), melhor o prognóstico de reserva ovariana. Já a medição do LH serve para sabermos se temos o estímulo hormonal suficiente para ovular, isto é, durante o período que antecede a liberação de um óvulo, ocorre uma elevação significativa do LH, indicando que uma possível ovulação está para ocorrer. Quando dosado próximo ao 14º dia do ciclo (considerando um ciclo de 28 dias) é possível observar esta elevação, ou seja, o "pico de LH".



B) ESTROGÊNIO OU ESTRÓGENO: é o principal hormônio sexual feminino. Além de participar da ovulação, concepção e gestação, é responsável pela manutenção da integridade óssea e regulação dos níveis de colesterol. Na verdade, sem o estrógeno uma mulher não se torna mulher! Pois ele é o responsável pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos e também pelo formato do corpo da mulher, isto é, mamas, quadris e as nossas famosas "curvas"! Também atua na pele, na lubrificação vaginal, na distribuição da gordura corporal, na regulação da temperatura do corpo e na fixação do cálcio nos ossos. Além disto, o Estrogênio também tem outros efeitos muito importantes no revestimento interno do útero, ou seja, no endométrio e no ciclo menstrual.



Como é possível notar, o Estrogênio é um hormônio muitíssimo importante e a sua falta no organismo causa diversos efeitos colaterais, como calores, suores, ressecamento vaginal, perda da estrutura óssea, atrofia do endométrio, e até irritabilidade e depressão. Geralmente, isto acontece na Menopausa, período em que a mulher perde sua capacidade reprodutiva.



C) PROGESTERONA: conhecido como o "hormônio da gravidez", sua principal função é a de preparar o útero e o endométrio para a aceitação do embrião e preparar as mamas para a produção de leite. Ele é produzido no ovário, inicialmente pelo Corpo Lúteo, como já mencionado acima, e posteriormente pela placenta, durante a gravidez. Quando existe uma deficiência de progesterona, a mulher pode apresentar amenorréia, ou seja, falta de menstruação. Além disto, a baixa produção deste hormônio é responsável pela maioria dos abortos que acontecem nos três primeiros meses da gestação. A dosagem de progesterona após o 20º dia do ciclo menstrual é importante para saber se a mulher ovulou naquele ciclo.



D) PROLACTINA: é um hormônio fabricado pela Hipófise e atua principalmente na produção de leite pelas mamas. É produzido durante toda a gravidez, mas principalmente no período pós-parto. Este hormônio também pode se elevar por causa do estresse, mesmo em mulheres que não estejam grávidas ou amamentando. Nestas condições, quando ele se apresenta muito elevado pode influenciar negativamente na fertilidade, impedindo que ocorra a ovulação.

- CONCLUINDO:

Os hormônios são parte fundamental de todo o funcionamento do corpo feminino, por isto os comparamos aos Instrumentos de uma orquestra, pois sem eles não há música! É claro que muitas patologias femininas estão diretamente ligadas à produção destes hormônios, são as chamadas "doenças hormônio-dependentes". A Endometriose é uma delas! Falaremos melhor sobre isto em nossa próxima postagem! Acompanhem o nosso blog e informem-se!
Luciana T. G. Diamante

sábado, 11 de junho de 2011

MENSTRUAÇÃO: A NOSSA GRANDE VILÃ!

Visita indesejada, chata, inconveniente, mal cheirosa e muito dolorosa... eis aí nossa grande vilã: a menstruação!

Existem muitos debates sobre menstruar ou não menstruar, mas o fato é que mulheres com endometriose NÃO devem menstruar e ponto final.

Há um motivo para isto e neste texto, vamos tentar entender porque a menstruação é a nossa grande vilã.

I - CONHECENDO NOSSO CICLO MENSTRUAL


Lembra-se quando você ouviu pela primeira vez sobre o Ciclo Menstrual? Certamente foi através de um professor, em alguma aula de Biologia, daquelas bem difíceis! Infelizmente, a teoria não mudou e tentar entender o ciclo menstrual continua complicado! Mesmo assim, vamos tentar explicar abaixo como tudo acontece, da forma mais simples possível, pois é importante conhecermos como o nosso corpo funciona.

O que é o Ciclo Menstrual?

O ciclo menstrual é o nome que damos para todo o período de uma menstruação até a próxima menstruação. A menstruação é uma descamação do endométrio (membrana que reveste a cavidade do útero), acompanhada da saída de sangue através da vagina. Em geral, ocorre mensalmente e marca a vida reprodutiva da mulher, ou seja, durante este período, a mulher é capaz de gerar um filho.

Quando começa o Ciclo Menstrual?

O ciclo menstrual é contado a partir do primeiro dia da menstruação,  isto é, no dia em que começa o sangramento, e não no dia em que termina o sangramento. Isto é importante, pois muitas meninas confundem. Não importa quantos dias você vai ficar sangrando, o primeiro dia sempre será aquele em que você notou a manchinha de sangue na calcinha ou no papel higiênico. A partir daí, a contagem termina um dia antes da próxima menstruação. Geralmente, dura entre 28 a 30 dias, mas existem casos em que o ciclo pode ser menor ou maior. Não há um padrão único, cada mulher tem seu próprio padrão e deve anotar as datas de início e término do ciclo para descobri-lo.


O que acontece durante o Ciclo Menstrual?

Para entender melhor, o Ciclo Menstrual é dividido em três fases:

1a.) Fase Folicular:


Inicia-se no primeiro dia do ciclo: o primeiro dia da menstruação. Neste momento, a Hipófise (uma glandula situada no cérebro) começa a produzir um hormônio chamado FSH - Hormônio Folículo Estimulante - que por sua vez atuará nos ovários, estimulando a produção dos folículos (bolsas de líquido que contém os óvulos). Os folículos começam a crescer mais ou menos a partir do sétimo dia do ciclo. Durante seu crescimento, secreta quantidades cada vez maiores de Estrógeno, um tipo de hormônio feminino. Neste início, vários folículos são estimulados ao mesmo tempo, mas somente um produzirá estrógeno suficiente para inibir a produção de FSH e fazer com que os outros folículos "murchem". Portanto, apenas um folículo será o dominante e irá liberar o óvulo. O estrógeno produzido por este folículo, irá preparar o corpo da mulher para uma possível fecundação, fazendo o endométrio engrossar e se desenvolver dentro do útero, preparando-se para receber o embrião.

2a.) Fase Ovulatória:


Geralmente, ocorre no meio do ciclo. Aquele folículo dominante, ao produzir altas doses de estrógeno, induz a uma grande liberação de um outro hormônio, também produzido pela hipófise, chamado LH - Hormônio Luteinizante.  Quando ocorre o “pico de LH” (momento de maior produção deste hormônio) acontece a liberação do óvulo pelo folículo, ou seja, a Ovulação. Desta forma, o LH é o responsável pela ovulação, o que quer dizer que se não houver esse “pico de LH”, não há ovulação.

3a.) Fase Lútea:


Marca a segunda metade do ciclo. Após a ovulação, o folículo se transforma numa estrutura chamada corpo lúteo, e passa a fabricar, além do estrógeno, o hormônio Progesterona, que vai terminar o preparo do endométrio para a implantação do embrião. Mais ou menos entre o sexto e o oitavo dias após a ovulação, o nível de progesterona no sangue atinge o máximo, e a medida deste hormônio no sangue, se for baixa, é causa de infertilidade. Ainda não se conhece com toda a precisão o dia da implantação do embrião: parece acontecer de cinco a dez dias após a ovulação. Se não ocorre implantação, então a progesterona e o estrógeno param de ser fabricados pelo corpo lúteo, seu nível diminue no sangue, o que faz o endométrio se desprender do útero, iniciando nova menstruação, ou seja, um novo ciclo menstrual. Isto continuará acontecendo até que a mulher entre na chamada Menopausa, quando cessam a produção destes hormônios.

II - O CICLO MENSTRUAL E A ENDOMETRIOSE


Afinal, porque não podemos menstruar? O que o ciclo menstrual tem a ver com a Endometriose?



Bom, como já explicamos neste blog, o endométrio deveria ser originalmente encontrado apenas dentro do útero, pois sua função é a de ser um "ninho" para o futuro embrião. Entretanto, por razões desconhecidas, algumas células ou fragmentos deste endométrio são encontrados em outros órgãos, fora do útero, causando a Endometriose


Estes focos podem estar presentes nos ovários, tubas uterinas, ligamentos que sustentam o útero, na área entre a vagina e o reto (septo retovaginal), na superfície externa ou na musculatura do útero (adenomiose) e no revestimento da cavidade pélvica (peritôneo). Em alguns casos, também pode atingir outros órgãos, como a bexiga, intestino, vagina, colo do útero, vulva e cicatrizes cirúrgicas abdominais.




 O problema é que durante o ciclo menstrual, estes focos de endométrio fora do útero, também sofrem a ação dos hormônios (estrógeno e progesterona) e irão se comportar como se estivessem dentro do útero. Em outras palavras, estes focos crescem, se desenvolvem, ficam cheios de sangue e depois descamam. Porém, este sangue não tem para onde sair e fica acumulado dentro do abdomen causando muita inflamação, dores e aderências.


Resumindo: todas as vezes em que uma mulher com endometriose menstrua, estes focos de endométrio grudados fora do útero, também "menstruam", causando inflamações cada vez maiores e muitas complicações. Por este motivo, o tratamento principal para a doença é suspender a menstruação, de forma que impeça o crescimento dos focos já instalados, ou daqueles focos que não puderam ser retirados na cirurgia.


Isto quer dizer que se retirarmos o útero ficaremos curadas da doença?



Absolutamente, não! O que faz o endométrio crescer e descamar são os hormônios fabricados pelos ovários, portanto, retirar o útero de nada adiantará, pois os focos de endometriose continuarão respondendo à ação destes hormônios, independente ou não da presença do útero. Por outro lado, se o útero e os ovários forem retirados, a mulher entrará em menopausa, o que poderá acarretar outros problemas, ainda mais se a paciente ainda for muito jovem.


E quando há o desejo de engravidar?


É claro que quando há o desejo de engravidar, não se deve parar de menstruar, pois a gravidez só é possível quando existe a atuação dos hormônios, permitindo a ovulação e a preparação do endométrio. Entretanto, para as mulheres com endometriose, o ideal é tentar engravidar após realizar um tratamento para a doença, pois assim reduz-se a inflamação, aumentando as chances de gravidez.


Vale lembrar que não é recomendado que uma paciente com endometriose passe muito tempo menstruando para tentar engravidar. Geralmente, após o tratamento (cirúrgico ou medicamentoso) sugere-se que tente a gravidez por 6 meses (isto quando tiver certeza de que as tubas uterinas estão desobstruídas e livres de aderências) e, caso não consiga, a recomendação é partir para as técnicas de Reprodução Assistida.


E se não existir o desejo de engravidar?


Quando não existe o desejo de gravidez, o tratamento será sempre suspender a menstruação, o que poderá ser feito de diferentes maneiras, como veremos em uma próxima postagem!


Desta forma, como brincamos no vídeo da "EndoChata", a menstruação é a "feijoada" da Endometriose, pois quanto mais vezes menstruamos, pior a doença fica! Por isto, o diagnóstico precoce é tão importante!


Portanto, se você tem endometriose, fique de olho na menstruação! Não deixe o "chico" te pegar!!


Até a próxima!
Luciana T. Golegã Diamante