terça-feira, 27 de agosto de 2013

VOCÊ JÁ CONHECE OS "TRÊS Ds" DA ENDOMETRIOSE?


Olá, seguidoras e seguidores do nosso blog!

Como muitos já devem saber, mantemos no Facebook uma fanpage chamada "Endometriose Online" (click aqui para curtir a página). Na semana que passou, publicamos a imagem acima falando sobre os "Três Ds" da Endometriose, o que chamou a atenção de vários dos nossos seguidores. Por este motivo, achamos interessante escrever um texto, mais completo, a respeito deste assunto para publicar aqui no nosso blog!

Os "Três Ds" da Endometriose referem-se aos sintomas mais comuns que podem indicar a presença desta patologia, e são importantíssimos de serem divulgados, pois sabemos que muitas mulheres apresentam algum ou todos estes sintomas, mas ainda não sabem que podem estar relacionados à endometriose.

E, porque é tão importante falar e divulgar sobre estes três sintomas?

Bom, quem acompanha o blog, os grupos, e mesmo as portadoras, sabem muito bem que o diagnóstico da endometriose costuma ser tardio. Em média, de acordo com algumas pesquisas, uma mulher pode demorar de 7 a 11 anos para descobrir-se com a doença. Por conta disto, muitas vezes, quando finalmente é diagnosticada, a endometriose já está em seus estágios mais avançados, o que não é nada bom!

Queremos mudar esta realidade, ou seja, diminuir o tempo de espera entre o aparecimento de um sintoma, característico da endometriose, e o seu diagnóstico. Afinal, como estamos falando de uma doença progressiva, quanto antes for descoberta, melhores as chances de tratamento e controle dos sintomas. Além, é claro, de melhorar a qualidade de vida da portadora.

Vamos, então, conhecer os "Três Ds" da Endometriose:

1º "D"DIFICULDADE PARA ENGRAVIDAR OU INFERTILIDADE


Este é um sintoma bastante frequente na portadora de endometriose. De acordo com algumas pesquisas, cerca de 30% a 40% das mulheres que sofrem de endometriose apresentam a infertilidade como um dos sintomas da doença. E, entre as mulheres com infertilidade, 50% delas apresentam a endometriose. Ou seja, a infertilidade é um dos grandes fantasmas que atormenta boa parte das portadoras, podendo estar presente tanto nos graus mais leves, como nos mais avançados da doença. 

Nos graus mais avançados, a infertilidade pode estar relacionada, principalmente, às alterações anatômicas presentes neste estágio da doença. Em outras palavras, a doença causa cicatrizes e aderências que podem "grudar" os órgãos entre si, tirando-os de sua posição habitual. Como consequência, as tubas uterinas não conseguem captar o óvulo, pois estão aderidas à alguma outra parte da pelve, longe dos ovários. O mesmo pode acontecer aos ovários. Além disto, podem existir cicatrizes no interior das tubas uterinas, bloqueando-as e impedindo o encontro do óvulo com o espermatozoide.

Já a dificuldade em engravidar nas portadoras com endometriose mínima e leve, ou seja, quando não há ainda a presença de aderências, endometriomas ou obstrução das trompas causando uma alteração anatômica, pode ter outras explicações, como por exemplo as alterações bioquímicas, imunológicas e/ou endócrinas. Para entender melhor sobre estas alterações CLIQUE AQUI e leia o texto "A Infertilidade e a Endometriose"

O fato é que se um casal mantem relações sexuais frequentes e não consegue engravidar dentro do prazo de 1 ano e meio à 2 anos, então está na hora de buscar ajuda! É preciso investigar tanto o homem quanto a mulher, mas no caso da mulher, nunca se deve excluir a possibilidade de existir uma endometriose atrapalhando o sonho da gravidez!

2º "D": DOR PÉLVICA CRÔNICA OU CÓLICA INTENSA 


Sabe aquela sua amiga que todos os meses faltava uns 2 - 3 dias na escola porque dizia estar com cólica e você achava que ela era fresca? Pois é, a frescura dela pode ter sido por culpa da endometriose!  Este, talvez, é um dos sintomas mais característicos desta doença: a cólica menstrual!

Geralmente, esta dor começa a ser sentida como uma cólica "comum" que aparece durante a menstruação, e que todos dizem ser "normal", mas com o passar do tempo, esta mesma cólica "inocente", começa a se tornar um grande problema para a adolescente ou mulher adulta, a ponto de impedi-la de sair da cama para ir para escola, faculdade, trabalho e etc. Este tipo de cólica que piora com o tempo, não passa com analgésico comum e impede a mulher de fazer suas atividades cotidianas é muita característica da endometriose e nunca deve ser menosprezada nem pela paciente, muito menos pelo médico. 

E o que acontece quando este tipo de cólica não recebe o devido tratamento?

Bom, lembra que falamos que a endometriose é progressiva, pois bem, este tipo de cólica começa, então, a ser sentida mesmo fora do período menstrual. A mulher passa a ter experiências de dor antes, durante e após as menstruações. Em alguns casos, ela também poderá começar a ter dor em qualquer momento do ciclo quando for, por exemplo, evacuar ou urinar - sinal de que a endometriose pode estar atingindo outros órgãos, além dos reprodutores. Um mal sinal. 

Entretanto, é sempre bom comentar que, curiosamente, existem casos de portadoras com endometriose que não apresentam qualquer tipo de dor, e existem casos de mulheres com dores alucinantes, mas com endometriose nos graus mais leves. São dados curiosos sobre esta doença que, por si só, é cheia de mistérios. (Escrevemos um artigo tentando explicar justamente este fato, CLIQUE AQUI e leia mais.) 

Porém, a grande maioria das mulheres com esta patologia, são sintomáticas podendo apresentar algum grau de dor, seja apenas durante a menstruação, ou mesmo antes e/ou depois. Algumas sentem dores o mês inteiro! O fato é que a dor, esta palavrinha tão pequenina, faz um grande estrago na vida da portadora. Portanto, muita atenção para este sintoma!

"3º D": DISPAREUNIA OU DOR DURANTE A RELAÇÃO SEXUAL


Então você, querida amiga, finalmente encontrou seu príncipe encantado e se entregou de corpo e alma para ele? Claro, né? É tão bom quando encontramos a pessoa certa com quem queremos nos relacionar e trocar intimidades. Mas, o que você não esperava é que iria começar a ter "aquela dor", certamente a pior dor do mundo inteiro para qualquer mulher que está num relacionamento amoroso: a dor na relação sexual! Também conhecida pelos médicos por este nome esquisito: "Dipareunia".

Dispareunia, é uma das queixas mais frequentes entre as portadoras de endometriose. Em geral, aparece quando a penetração é profunda e tende a ser mais intensa no período pré-menstrual. Existem, ainda, alguns casos em que a dor pode surgir quando a mulher atinge o orgasmo. De todo modo, a dor durante a relação é tão incômoda que muitas mulheres passam a ter sua vida sexual prejudicada, e consequentemente seu relacionamento amoroso também se prejudica. Por isto, é muito importante que a mulher não tenha vergonha de contar ao ginecologista (de preferência um que seja especialista em endometriose) sobre esta dor, inclusive explicando como e em que momento é sentida. Esta informação poderá ser uma dica essencial para que o médico comece a pensar na possibilidade da endometriose e, assim, investigue corretamente!

Para concluir:

Logicamente, existem alguns outros sintomas da endometriose. Mas, estes "Três Ds" são os mais frequentes e podem revelar pistas importantes para que o diagnóstico seja descoberto de maneira precoce!

Agora que já conhecemos quais são os "Três Ds" e também sua importância para o diagnóstico precoce da endometriose, pedimos a todos os nossos leitores que nos ajudem a divulgar esta informação para o máximo de contatos possíveis. Seja através de e-mail ou pelo Facebook. Basta copiar a URL deste texto e compartilhar no seu perfil! Uma atitude simples que poderá livrar muitas mulheres de um sofrimento tão grande causado pela endometriose!

Até a próxima!!


Luciana Diamante e Marília Gabriela
Coordenadoras do Gapendi
Entre em contato: gapendi@hotmail.com

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Videolaparoscopia: Dúvidas? Medos?


Olá!!!

Nosso post de hoje é bem especial!!! Vamos tá falando um pouco sobre a videolaparoscopia!
Toda portadora de endometriose, que nunca passou por esse procedimento, ao ser informada pelo médico da necessidade de ser submetida, com certeza fica com aquele friozinho na barriga!! Aquela ansiedade misturada com dúvidas e até mesmo o medo; afinal de contas tudo o que é desconhecido nos trás um pouco de medo, ne?!!
Pois então, uns dias atrás a nossa amiga Mayara Silva postou nos nossos grupos no facebook um resumo muito bem feito de como foi feita a videolaparoscopia dela. Cheio de detalhes, ela conseguiu contar um pouco da sua história e tirar um pouco da aflição de quem nunca fez um procedimento desse tipo.
Por isso mesmo pensamos: Porque não postar isso no blog? Temos certeza de que será muito útil e vai ajudar a esclarecer muitas dúvidas e matar um pouco da curiosidade de como é es se procedimento!
Porém devemos lembrar de que cada caso é um caso, portanto as cirurgias podem e devem ser diferentes! Varia desde a equipe que vai entrar no centro cirúrgico, uso do dreno, alimentação, permanência no hospital até o tempo de repouso e recomendações!! O nosso objetivo aqui é apenas tentar desmistificar alguns tabus e incertezas que bate antes de um procedimento como esse!!
Lembrem-se também de que é essencial questionar e tirar todas as dúvidas com o seu médico especialista!! Até mesmo aquela dúvida que a gente julga ser boba ou besta! Em relação a Endometriose e a videolaparoscopia isso não existe, hein, meninas!!! O nosso médico está ai para isso e ele é a melhor pessoa para nos orientar e tirar aquelas minhoquinhas que insistem em aparecer!!!
Vale a pena ler também o nosso texto "Cuidados que devemos tomar antes de realizar a Videolaparoscopia" http://eutenhoendometriose.blogspot.com.br/2010/10/cuidados-que-devemos-tomar-antes-de.html
Mas vamos lá conhecer a história da Mayara!!!


"Me chamo Mayara e nasci em 1989. Minha primeira menstruação veio quando eu tinha 12 anos de idade, em um ciclo de 28 a 35 dias. Com o passar do tempo, percebi que estava sentindo muita cólica e aparecendo espinhas. Quando tinha 17 anos, fui a primeira vez em uma ginecologista que me receitou um anticoncepcional. Com o uso desse medicamento minha pele melhorou muito e as cólicas também foram abrandadas. Em 2007 passei muito mal com uma cólica insuportável, fui parar no hospital. O ginecologista que me atendeu solicitou que fizesse um ultrassom e mediante a análise do mesmo afirmou que o meu problema era amenorreia. Então, ele prescreveu uma medicação e também trocou o anticoncepcional para outro. Em 2008 , quando comecei minha faculdade com toda a empolgação, minhas espinhas começaram a aparecer novamente, o que me incomodava muito. Então, procurei uma dermatologista e ela mudou o anticoncepcional.  Porém, eu estava esquecendo muito de tomar as pílulas diariamente, o que acabou não dando o resultado esperado do tratamento. Com a decisão tomada de me casar em Janeiro de 2009 e também com a pretensão de terminar o curso para depois ter filhos, decidi retornar ao consultório da minha ginecologista em busca de um novo tratamento. A Dra. mudou meu anticoncepcional para um que não tinha pausa.

Finalizei minha faculdade em agosto de 2011 e já em setembro parei o anticoncepcional para tentar engravidar. Procurei então a minha médica e ela me receitou um acido fólico e comecei a me preparar para essa nova etapa. Comecei a prática de exercícios em uma academia, fazia drenagem, mudei totalmente a alimentação. Durante 7 meses tentando engravidar notei que a pele estava muito oleosa, os  pelos aumentando, muita acne e cólicas fortes. Foi então que a ginecologista solicitou o ultrassom transvaginal e, após análise do mesmo, verificou-se que eu tinha ovários policísticos.Em Abril de 2012, voltei a tomar anticoncepcional para "limpar" os ovários e com isso minha pele melhorou muito e os cistos diminuíram.  

Seis meses depois , parei o anticoncepcional para tentar engravidar novamente e minha médica receitou um indutor de ovulação. Tomei durante 6 ciclos e sem sucesso, só sofrendo com  sintomas ainda piores: cólicas muito fortes (só melhorava com os medicamentos fortes), diarreia e sangue nas fezes, pele oleosa, pelos aumentando, muita acne e dor na relação sexual. O mal-estar era tão grande que eu já não estava conseguindo ter uma rotina diária normal, prejudicando varias áreas da minha vida. Tive que diminuir trabalho e, por várias vezes evitava sair de casa por estar me sentindo mal. Passei por vários médicos e ninguém descobria o certo, só me passavam medicamentos que de nada adiantavam ou até mesmo pioravam ainda mais o meu estado.

 No inicio de 2013, com o apoio do meu Esposo, meus pais, meus pastores e vários irmãos da igreja começamos uma campanha de oração em busca de uma resposta de Deus.  E foi durante esse período de orações intensas e fervorosas, que a esposa do meu pastor nos convidou a participar de um monte. Também, nessa mesma época, ela teve um sonho que eu estava grávida, com uma barriga enorme, tentando ganhar neném, mas o bebê não saía; então, em seu sonho, de repente só saíram grandes bolas de sangue do meu útero. Fiquei com isso na cabeça e pesquisei muito na internet sobre meus sintomas, me identifiquei muito com a endometriose. Comentei com a minha médica e ela disse que no momento não indicaria a videolaparoscopia; afirmou que a cura seria a gravidez e me encaminhou para uma clinica de Fertilização in vitro. 

Fiquei muito confusa e tomei a decisão de procurar outro ginecologista, o qual, ao ouvir o que descrevi para ele, pediu que eu fizesse uma histerossalpingografia e que provavelmente precisaria da videolaparoscopia. Fiz a histerossalpingografia, procedimento complicado , no qual  senti muita dor e foi extremamente desconfortável. O médico verificou o exame e constatou que estava tudo normal. Resolvi, então, procurar informações a respeito da fertilização in vitro e fui informada que, inicialmente, eu teria que cuidar da endometriose e depois tentar a FIV. Fiz alguns exames e fui encaminhada para um especialista em Endometriose.

Já no exame de toque, o especialista disse que eu teria que fazer uma videolaparoscopia e me encaminhou para o proctologista, o qual me pediu uma ressonância magnética e uma colonoscopia. Passei por uma grande equipe médica que me pediu vários exames e concluíram que eu teria que passar por uma cirurgia por conta da endometriose. A principio a cirurgia seria por vídeo e os médicos me explicaram as possíveis complicações. Havia vários focos de endometriose nos meus órgãos e meu intestino estava prestes a obstruir. Tivemos que correr atrás, pois, seria uma cirurgia muito cara e não tínhamos convênio e além de tudo, tratava-se de uma cirurgia super delicada. Os riscos eram tantos que tive que assinar um termo de consentimento de possíveis complicações e reconhecer firma no cartório. Havia até mesmo o risco de retirada de órgãos e abertura de toda a barriga se fosse necessário.

Continuamos com jejuns e orações, pedindo a Deus que direcionasse tudo. Dentro de um mês conseguimos nos organizar, portas foram se abrindo e tudo foi providenciado. A data da cirurgia foi marcada e no dia 9 de maio de 2013 (quinta-feira), fui submetida ao procedimento cirúrgico, o qual foi concluído com sucesso. 


PREPARAÇÃO PARA CIRURGIA

Três dias antes da cirurgia:  fiz uma higiene geral com depilação (buço, axilas, virilha, pernas e até barriga), fiz também uma hidratação no cabelo, uma esfoliação corporal e organizei toda a mala com camisolas, roupões, lingerie mais frouxas, pantufa, chinelo, roupas bem  leves e objetos. Passei também pelo anestesista para  uma conversa sobre peso, históricos familiares e alergias. Um dia antes da cirurgia tomei café da manhã bem leve e tomei o laxante com suco de limão, passei o dia no banheiro esvaziando o intestino e só comi algumas bolachas água e sal, gelatina e água de coco durante o dia. Seis horas antes da cirurgia não ingerir mais nenhum alimento, nem sólido, nem líquido. 
Acordei 5:00 da manhã,  tomei um banho, terminei de organizar as coisas e já fui para o hospital. As 6:30 veio a enfermeira, pediu para tirar toda a roupa, me passou touca, sapatilhas e roupa aberta do hospital e pediu  que eu me deitasse na maca. Me levaram para o centro cirúrgico, onde o anestesista já me aguardava. 

ANESTESIA GERAL

Primeiramente, o médico ajudou a me tranquilizar com conversa e piadinhas.  Enquanto conversávamos, injetou a anestesia na veia da mão. Lembro-me dele  pedir que eu virasse de costas para aplicar uma peridural, daí para frente, não me lembro de mais nada, apaguei completamente. 

CIRURGIA

Foram colocados quatro instrumentais dentro de mim através de cinco “buraquinhos” feitos pelos médicos: um no umbigo, dois do lado esquerdo e dois do lado direito (Levei no total de 20 pontos) também, foi colocada uma sonda na minha uretra e fui entubada através da garganta. Meu abdômen foi inflado com um gás que no final da cirurgia foi retirado. A cirurgia iniciou 7:00h  e terminou as 13:00h, fiquei em observação em uma sala por 1 hora e mesmo estando muito  sonolenta, a primeira coisa que fiz foi olhar se tinham cortado a minha barriga toda e perguntar se tinham  retirado algum órgão. Agradeci a Deus ao saber que só havia sido necessário fazer a abertura no umbigo e os quatro furos na barriga e agradeci também por não ter sido necessário retirar nenhum dos meus órgãos.

A cirurgia foi um sucesso! E, creio eu que realmente foi um livramento de Deus, pois minha situação estava pior que os médicos imaginavam. Havia vários focos de endometriose na parte pélvica e no intestino, tiveram que tirar cistos no ovário esquerdo, 13 cm do meu intestino e também o apêndice, pois estava inflamado, e isso só foi descoberto durante a cirurgia. O médico disse que se eu não tivesse feito corria o risco de logo ter sérios problemas e até mesmo ter que fazer uma cirurgia de emergência. Deus sabe o que faz! Deus foi maravilhoso!! Os médicos disseram que nunca viram uma cirurgia de tão grande porte ser tão bem sucedida e não ter que abrir a barriga toda, não ter que tirar nenhum órgão, e não ter precisado de ir para a UTI a qual já estava reservada, por precaução, tamanho era o risco que eu corria. Após a cirurgia, entregaram os conteúdos retirados para meu esposo e meu pai para levaram para patologia.

APÓS CIRURGIA

Já liberada pelos médicos, ainda muito sonolenta, fui levada ao apartamento. Lá chegando, vi meu esposo e meus pais. Os médicos e enfermeiros passaram para falar da cirurgia e ver se estava bem sempre usavam estetoscópio para auscultar a respiração, mediam a temperatura e avaliavam os batimentos cardíacos. Recebi antibióticos, anti-inflamatórios, muito soro e analgésico tudo por via venosa ( na veia da mão) e injeção na barriga e bumbum. Usei uma sonda no canal vaginal que foi colocada na cirurgia e teve que permanecer por 10 horas após o procedimento, por causa do envolvimento do ureter na cirurgia. A sonda não dói, só um incômodo no meio das pernas. A retirada também não dói. Obviamente você sente o procedimento quando  a enfermeira, primeiramente, esvazia  o gás que fica dentro da sonda e depois  ela puxa com delicadeza mas não dói nada, só há o incômodo de ardência.

Depois da retirada da sonda, me ajudaram a levantar da cama e  deram –me apoio para que desse os primeiros passos. Fiquei um pouco zonza e doeu um pouco ao me levantar, o que é normal por conta do procedimento, da anestesia e por ter ficado muito tempo sentada e sem me alimentar. Minha mão estava ''inchada'', por causa do acesso à veia. O soro foi retirado 16 horas após a cirurgia. Foi tranquilo não doeu nada. Depois fiquei mais livre para caminhar. 
Foto logo após a cirurgia


A retirada dos curativos é muito tranquilo. Sem dor alguma! Meu primeiro xixi sem a sonda ardeu de levinho, depois passou. Não pode fazer força. Só deixar fluir.   Além do soro, recebi uma alimentação pastosa (comida batida no liquidificador), muito suco e gelatina.                   Algumas gotinhas de sangue, algo que suja muito de leve o absorvente, apareceram quando fui ao banheiro fazer xixi. Vi também que tinha um pouco de sangue no vaso sanitário. Perfeitamente normal, depois de uma menstruação e uma cirurgia. Movimentei-me com cuidado! Acordava de vez em quando de madrugada para me mexer. O certo é não permanecer na mesma posição durante muito tempo!!

Atenção para os gases!! Eles são o pesadelo, portanto, soltem sem vergonha!! Façam isso devagar para não machucar. Tomei um remédio para ajudar. Os gases deixam a barriga muito grande. Enorme! Parece que a gente está grávida. Peça ajuda para se levantar e caminhar devagar, porque melhora rapidinho. Não fale muito!!
Dormi apenas duas noites no hospital depois da cirurgia! Recebi alta com todas as receitas das medicações bem como deveria usa-las.

REPOUSO EM CASA

Os médicos pediram para eu permanecer em um hotel por uma semana, pois minha cidade fica longe, e deveria ficar em observação e voltar para o retorno.
Nos primeiros dias a gente sente dor ao se mexer e andar, mas é necessário fazer isso para uma boa recuperação. Dói também ao tossir e espirrar. É necessário ajuda para se levantar, para não forçar muito. Não dá para exigir nada da gente. Fazer xixi é devagar e com cuidado, pois sangra um pouco. Tomar remédio na hora certinha é importante, senão dói muito. Dormir é um pouquinho complicado, porque é difícil achar uma posição. Notei também que estava duro ao redor do umbigo, mas disseram que era normal. E o umbigo às vezes tem algum vazamento, que os médicos explicam que é tipo um dreno.

Já no quinto dia apos a cirurgia, senti que estava indo bem! Já conseguia levantar sozinha e me virar bem mais! Me senti um pouco inchada, pois meu intestino não funcionou normalmente. Ainda saíam algumas raspas de sangue bem escura e com um odor meio forte, que disseram ser normal, por serem sobras de sangue da cirurgia. No sexto dia acordei cedo e já fui ao laboratório fazer os exames de sangue que os médicos solicitaram e à tarde teve retorno aos médicos e retirada dos pontos. Deu tudo certo! Os exames indicaram que tudo estava normal e os médicos disseram que a cirurgia realmente foi 5 estrelas, um sucesso. E para minha alegria, meia noite meu intestino funcionou pela primeira vez... que felicidade!

No sétimo dia, logo pela manhã meu intestino já funcionou também e tive meu primeiro espiro após a cirurgia... nossa como meu umbigo doeu.. mas passou logo. No oitavo dia tive retorno aos médicos novamente, e recebi os DVDs da filmagem da minha cirurgia. Dias depois, já consegui me movimentar melhor, porém com cautela, seguindo à risca a recomendação  de evitar pegar peso, subir escadas, não fazer muito esforço físico por 60 dias. Academia só poderia voltar após 90 dias.

Após um mês tive os retornos com os médicos, e constou tudo bem, aproveitaram para retirada dos cateteres, eles me sedaram então não senti nadinha. 

MINHA CONCLUSÃO

Bem, depois de tudo o que eu passei, cheguei à conclusão de que tudo foi permitido por Deus, para fortalecimento da minha fé, crescimento espiritual, e para ajudar pessoas através do meu testemunho. Hoje sinto que sou uma pessoa muito privilegiada e abençoada por Deus, pois foi tudo feito no tempo certo, no lugar certo e com as pessoas certas, consegui sair de uma cirurgia com vida e sem nenhuma sequela, tive a benção de encontrar profissionais que cuidaram de mim com toda competência e respeito, tive todo apoio, todo carinho e todo amor do meu Esposo, da minha família, dos irmãos em Cristo, amigos e principalmente de Deus! Além de tudo Deus usou um casal que me presenteou com  mais da metade do valor da cirurgia. Por tudo isso, vejo que Deus realmente agiu e tem agido de uma forma especial em minha vida, principalmente a partir do momento que clamei e descansei na presença do Senhor. Agora, sigo confiante que, no tempo certo de Deus, seremos presenteados por Ele com mais um milagre: o milagre de eu e meu esposo sermos pais e então essa bênção do Senhor em nossas vidas estará realizada por completo, pois, para Deus nada é impossível!"


Agradecemos muito a nossa amiga Mayara Silva por dividir conosco sua experiência!! Se você também quer compartilhar sua experiência, contar sua história com a endometriose, nos envie por email: gapendi@hotmail.com 
Será um prazer publicá-la aqui no blog!! 

Marília Gabriela Rodrigues
Luciana Diamante 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

ENDOMETRIOSE TORÁCICA

Hoje nos vamos abordar um tipo de endometriose que até então é pouco conhecido pelas portadoras e até mesmo por alguns médicos: a Endometriose Torácica/ pulmonar.
Como já sabemos, a endometriose é uma doença que consiste na presença de células endometriais em locais fora do útero; acometendo órgãos como bexiga, intestino, ureteres, ovários, peritônios. 
As queixas mais freqüentes entre as portadoras de endometriose são: dismenorréia (cólicas), dor pélvica crônica, infertilidade, dispareunia (dor durante a relação sexual), alterações urinárias e intestinais, como dor à evacuação, diarréia, dor durante a micção no período menstrual, aumento da freqüência miccional, urgência miccional também pode está presente. Lembrando que as dores podem ocorrer antes ou durante o período menstrual. 
Em casos mais raros, essas células endometriais podem chegar até o pulmão, causando o que é chamado de Endometriose Torácica. 


Pra gente entender melhor, vou tentar explicar o que é a cavidade torácica e como ela se constitui.
A cavidade torácica ou caixa torácica é a segunda, em tamanho, das cavidades corporais. É o espaço compreendido pela curvatura das costelas, entre o osso esterno e a coluna vertebral. No seu interior encontram-se o coração e os dois pulmões, cada um em seu saco pleural. A base da cavidade torácica é formada pelo diafragma, que é como se fosse uma "prateleira" de carne que separa as cavidades torácica da abdominal. 

A endometriose torácica ocorre mais frequentemente entre a terceira e quarta décadas de vida. Geralmente, se apresenta unilateralmente e à direita, embora também possa afetar o pulmão esquerdo e bilateral. A maioria dos pacientes apresenta dor torácica e dispneia (dificuldade na respiração ou desconforto para respirar), e muitos têm história conhecida de endometriose pélvica ou infertilidade.
Porém o que leva a suspeita da endometriose torácica é a recorrência de pneumotórax no período menstrual e/ou na ovulação. Cerca de 80 % das mulheres que possuem endometriose torácica, apresenta esse sintoma.
A Pneumotórax consiste no acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a membrana que reveste internamente a parede do tórax, chamada de pleura. Na pneumotórax, o ar, ao entrar entre o pulmão e a parede torácica, acaba comprimindo o pulmão, causando assim a dificuldade para respirar. Os sintomas são dor com a respiração, principalmente profunda, respiração curta e tosse. A dor pode irradiar para a escápula e pescoço.
Outro sintoma que pode estar presente na Endometriose Torácica é o Hemotórax Catamenial, que é muito parecido com o Pneumotórax mas, ao invés de ar, acumula-se sangue entre o pulmão e a cavidade torácica.
Tanto o Pneumotórax quanto o  Hemotórax Catamenial acontecem porque o tecido endometrial que se implantou na pleura leva a um processo inflamatório e sangramento no período menstrual. Isso acaba levando a fibrose no local, assim como acontece com a pelve. Porém a parede da pleura fica frágil e pode romper ou sangrar, causando assim pneumotórax ou hemotórax

Quando os implantes são nas vias respiratórias pode levar a hemoptise, que é o escarro com sangue, durante o período menstrual (5% dos casos). 
Há algumas mulheres com endometriose no diafragma que apresentam dor irradiada para o ombro, pescoço ou abdome superior direito. Isso acontece porque ocorre a irritação do nervo frênico, nervo que inerva o diafragma. 

Antes de ter o diagnostico de endometriose torácica, deverão ser excluídas algumas patologias com sintomas semelhantes.  Por isso é muito importante a anamnese feita pelo médico durante a consulta. Assim o médico vai colher todos os dados referentes aos sintomas/ queixas e possivelmente vai descartar possíveis doenças semelhantes. A presença da endometriose pélvica acaba sendo um achado importante também já que cerca de 50 a 84% das mulheres com endometriose torácica tem também a endometriose pélvica.

Deve suspeitar-se de endometriose torácica em mulheres em idade fértil que surgem com um quadro clinico de episódios recorrentes de dor torácica, pneumotórax, hemotórax ou hemoptises  durante o período menstrual. 
Além da Anamnese, alguns exames de imagens também podem estar auxiliando esse diagnóstico, como a ressonância magnética e/ou tomografia do tórax. Os exames laboratoriais geralmente não revelam alterações, podendo, no entanto existir uma elevação dos níveis séricos do marcador tumoral CA125. O diagnóstico de endometriose torácica geralmente se baseia em dados clínicos e é confirmado por exame histopatológico de tecidos ressecados.

Sendo assim, a videolaparoscopia ainda se constitui como o exame padrão ouro, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.
Como a endometriose pélvica, o tratamento da endometriose torácica também pode ser clinico/medicamentoso através do bloqueio da menstruação. Porém, pesquisas afirmam que a chance da recorrência é muito alta, maior que 50% em 1 ano; sendo a videolaparoscopia o melhor tratamento.
Na videolaparoscopia, as lesões são ressecadas ou, se pequenas, cauterizadas. É essencial que a equipe presente no procedimento seja multidisciplinar, estando presente o cirurgião torácico além do cirurgião ginecológico especialista em endometriose. 

Apesar de ser pouco frequente, a endometriose torácica pode provocar grandes declínios na qualidade de vida da mulher! Por isso mesmo, os médicos devem ficar bastante atentos as queixas e/ou sintomas das pacientes já que o diagnóstico costuma ser bastante tardio.

Espero ter esclarecido um pouco das dúvidas sobre Endometriose Pulmonar!!! Mas lembrem-se sempre que o nosso médico especialista é a melhor pessoa para esclarecer as nossas dúvidas! A qualquer sinal dos sintomas descritos acima, não exite em comentar com seu médico! 


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Marília Gabriela Rodrigues

sábado, 3 de agosto de 2013

EndoEncontro GAPENDI: "Tricotando sobre a Endometriose!!!"



Já imaginou se pudéssemos falar tudo o que falamos nos grupos, mas pessoalmente? 

Esta é a proposta do Gapendi para este encontro: sair do virtual e vir para o mundo real. 

Um encontro onde poderemos tricotar bastante sobre a Endometriose, não só para falar sobre a doença, mas também para falar como nos sentimos em relação a ela! 

Para isto contaremos com a ajuda de uma convidada, a psicóloga Ana Beatriz Cintra que vai deixar nosso encontro ainda mais especial, nos auxiliando um pouco com a sua experiência profissional.


Faça já sua inscrição para essa tarde deliciosa que será regada de muita amizade, compreensão, alegria e companheirismo através do email gapendi@hotmail.com

Para deixar nossa tarde mais gostosa, pedimos, gentilmente, que cada uma traga um pratinho ( salgado ou doce), para que possamos degustar as delicias enquanto nos conhecemos melhor!! 

Nosso encontro será realizado no dia 24 de Agosto, às 14hs, na sala Oral B da clinica Genics (Avenida Indianópolis, 171 - Moema. SP).

Esse encontro será fechado apenas para as portadoras de Endometriose

Não impeça a participação de demais interessados. Realize a inscrição na certeza de seu comparecimento!!