terça-feira, 13 de agosto de 2013

ENDOMETRIOSE TORÁCICA

Hoje nos vamos abordar um tipo de endometriose que até então é pouco conhecido pelas portadoras e até mesmo por alguns médicos: a Endometriose Torácica/ pulmonar.
Como já sabemos, a endometriose é uma doença que consiste na presença de células endometriais em locais fora do útero; acometendo órgãos como bexiga, intestino, ureteres, ovários, peritônios. 
As queixas mais freqüentes entre as portadoras de endometriose são: dismenorréia (cólicas), dor pélvica crônica, infertilidade, dispareunia (dor durante a relação sexual), alterações urinárias e intestinais, como dor à evacuação, diarréia, dor durante a micção no período menstrual, aumento da freqüência miccional, urgência miccional também pode está presente. Lembrando que as dores podem ocorrer antes ou durante o período menstrual. 
Em casos mais raros, essas células endometriais podem chegar até o pulmão, causando o que é chamado de Endometriose Torácica. 


Pra gente entender melhor, vou tentar explicar o que é a cavidade torácica e como ela se constitui.
A cavidade torácica ou caixa torácica é a segunda, em tamanho, das cavidades corporais. É o espaço compreendido pela curvatura das costelas, entre o osso esterno e a coluna vertebral. No seu interior encontram-se o coração e os dois pulmões, cada um em seu saco pleural. A base da cavidade torácica é formada pelo diafragma, que é como se fosse uma "prateleira" de carne que separa as cavidades torácica da abdominal. 

A endometriose torácica ocorre mais frequentemente entre a terceira e quarta décadas de vida. Geralmente, se apresenta unilateralmente e à direita, embora também possa afetar o pulmão esquerdo e bilateral. A maioria dos pacientes apresenta dor torácica e dispneia (dificuldade na respiração ou desconforto para respirar), e muitos têm história conhecida de endometriose pélvica ou infertilidade.
Porém o que leva a suspeita da endometriose torácica é a recorrência de pneumotórax no período menstrual e/ou na ovulação. Cerca de 80 % das mulheres que possuem endometriose torácica, apresenta esse sintoma.
A Pneumotórax consiste no acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a membrana que reveste internamente a parede do tórax, chamada de pleura. Na pneumotórax, o ar, ao entrar entre o pulmão e a parede torácica, acaba comprimindo o pulmão, causando assim a dificuldade para respirar. Os sintomas são dor com a respiração, principalmente profunda, respiração curta e tosse. A dor pode irradiar para a escápula e pescoço.
Outro sintoma que pode estar presente na Endometriose Torácica é o Hemotórax Catamenial, que é muito parecido com o Pneumotórax mas, ao invés de ar, acumula-se sangue entre o pulmão e a cavidade torácica.
Tanto o Pneumotórax quanto o  Hemotórax Catamenial acontecem porque o tecido endometrial que se implantou na pleura leva a um processo inflamatório e sangramento no período menstrual. Isso acaba levando a fibrose no local, assim como acontece com a pelve. Porém a parede da pleura fica frágil e pode romper ou sangrar, causando assim pneumotórax ou hemotórax

Quando os implantes são nas vias respiratórias pode levar a hemoptise, que é o escarro com sangue, durante o período menstrual (5% dos casos). 
Há algumas mulheres com endometriose no diafragma que apresentam dor irradiada para o ombro, pescoço ou abdome superior direito. Isso acontece porque ocorre a irritação do nervo frênico, nervo que inerva o diafragma. 

Antes de ter o diagnostico de endometriose torácica, deverão ser excluídas algumas patologias com sintomas semelhantes.  Por isso é muito importante a anamnese feita pelo médico durante a consulta. Assim o médico vai colher todos os dados referentes aos sintomas/ queixas e possivelmente vai descartar possíveis doenças semelhantes. A presença da endometriose pélvica acaba sendo um achado importante também já que cerca de 50 a 84% das mulheres com endometriose torácica tem também a endometriose pélvica.

Deve suspeitar-se de endometriose torácica em mulheres em idade fértil que surgem com um quadro clinico de episódios recorrentes de dor torácica, pneumotórax, hemotórax ou hemoptises  durante o período menstrual. 
Além da Anamnese, alguns exames de imagens também podem estar auxiliando esse diagnóstico, como a ressonância magnética e/ou tomografia do tórax. Os exames laboratoriais geralmente não revelam alterações, podendo, no entanto existir uma elevação dos níveis séricos do marcador tumoral CA125. O diagnóstico de endometriose torácica geralmente se baseia em dados clínicos e é confirmado por exame histopatológico de tecidos ressecados.

Sendo assim, a videolaparoscopia ainda se constitui como o exame padrão ouro, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento.
Como a endometriose pélvica, o tratamento da endometriose torácica também pode ser clinico/medicamentoso através do bloqueio da menstruação. Porém, pesquisas afirmam que a chance da recorrência é muito alta, maior que 50% em 1 ano; sendo a videolaparoscopia o melhor tratamento.
Na videolaparoscopia, as lesões são ressecadas ou, se pequenas, cauterizadas. É essencial que a equipe presente no procedimento seja multidisciplinar, estando presente o cirurgião torácico além do cirurgião ginecológico especialista em endometriose. 

Apesar de ser pouco frequente, a endometriose torácica pode provocar grandes declínios na qualidade de vida da mulher! Por isso mesmo, os médicos devem ficar bastante atentos as queixas e/ou sintomas das pacientes já que o diagnóstico costuma ser bastante tardio.

Espero ter esclarecido um pouco das dúvidas sobre Endometriose Pulmonar!!! Mas lembrem-se sempre que o nosso médico especialista é a melhor pessoa para esclarecer as nossas dúvidas! A qualquer sinal dos sintomas descritos acima, não exite em comentar com seu médico! 


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Marília Gabriela Rodrigues

3 comentários:

  1. Obrigada ! Foi muito esclarecedor , tenho endometriose pélvica , e já hà algum tempo tenho dores no peito que pioram com a respiração profunda , até agora eu creditava isso à crises de fibromialgia ,bem já vi que vale a pena investigar melhor , na próxima consulta vou falar sobre isso com meu médico!

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