quarta-feira, 9 de abril de 2014

COMO ENFRENTO EMOCIONALMENTE A REALIDADE DE SER PORTADORA DE ENDOMETRIOSE?

Olá!!!

O nosso post de hoje fala um pouco da parte emocional da portadora de Endometriose e que é tão esquecida durante o tratamento; já que quase sempre voltamos os cuidados apenas para o aspecto físico!
Na Palestra que aconteceu em São Paulo, no último dia 29, tivemos o contato com a Lilian Danotti, que além de Portadora da Endometriose, também é Psicologa/Psicoterapeuta! E ela prontamente se disponibilizou a nos enviar um texto para publicação no blog abordando um pouco esse aspecto emocional, que também é afetado na portadora da doença.
E ai, vocês têm cuidado do seu lado emocional?!!!Esperamos que vocês gostem!!! 




Como enfrento emocionalmente a realidade de ser portadora de Endometriose?

Em primeiro lugar é muito importante a clareza da situação, pois, sem dúvida alguma você está diante de um desafio de mão dupla: (1) no âmbito físico, buscar os melhores especialistas em Endometriose para que você tenha um tratamento assertivo e de qualidade, desde a questão médica até o exercício físico e a nutrição; (2) no âmbito psicológico, cuidar do seu emocional, identificar como você lida com essa doença, ou seja, quais as ‘ferramentas’ internas que utiliza para encontrar forças para seguir adiante, perceber quais os aspectos da sua vida que lhe auxiliam na luta diária diante da endometriose e quais aspectos são dificultadores. Isso é imprescindível para que possa sentir-se preparada para as situações que se apresentam nos seus dias.
A boa notícia é que na junção destes dois caminhos - físico e emocional - é possível você melhorar a sua qualidade de vida!
Mas, além de perceber, como mudar ou aperfeiçoar estas tais “ferramentas internas”? Nem sempre é fácil sozinha, precisamos de orientação e auxílio. Esse é o objetivo de uma psicoterapia, um psicólogo pode te auxiliar nesta descoberta de si mesma.
Tendo dado o primeiro passo, a conscientização da sua condição, o segundo é encarar o problema de frente e mergulhar no emocional para entender o que seu corpo está querendo lhe dizer com essa doença. Há algo que precisa ser olhado e mudado na sua vida emocional? O trabalho, questões familiares, amorosas, sexuais, auto-estima, objetivos de vida... O que a endometriose representa hoje na sua vida?
À princípio, pode parecer estranho ou diferente pensar desta forma, mas a Psicossomática, um estudo da psicologia, nos respalda que corpo e mente é uma coisa só, não há distinção: o corpo influencia a mente e a mente influencia o corpo na mesma proporção. É por isso que se fala tanto que o tratamento da endometriose (ou de qualquer outra doença) necessita de um contexto multidisciplinar para que tenha êxito, ou seja, a ação conjunta do médico, nutricionista, educador físico e psicólogo.
No lado emocional, não há uma receita pronta! Afinal, somos únicos. Cada um de nós tem uma vivência diferente, uma percepção de mundo particular que nos levará a enfrentar uma doença também de modo peculiar.

Vejamos o contexto da endometriose sob o olhar da psicologia - porque essa doença afeta o emocional?
É sabido que na natureza feminina as mudanças hormonais são frequentes, mas quando estas estão somadas à dores crônicas, as alterações de humor são previsíveis.
Somente por isso, já poderíamos dizer que a endometriose carrega consigo fatores que influenciam diretamente o âmbito psicológico, as relações sociais e afetivas de modo constante.
Além desse aspecto, outros fatores estão presentes na convivência com a
endometriose: a mudança de comportamento diante da dor crônica; a incerteza que permeia o diagnóstico da endometriose e com ela a possibilidade de infertilidade; os prejuízos nos relacionamentos interpessoais e profissionais causando impactos emocionais; a ausência de cura e a possibilidade de reincidência da doença; a consequente queda da qualidade de vida de um modo geral, ou seja, um contexto totalmente propício ao stress emocional.
Um fato que levanta questões ainda sem respostas é que dentro de um vasto número de mulheres com endometriose, tem-se em um pólo pacientes com um quadro de dor pélvica crônica e dificuldade de engravidar até o outro extremo, pacientes sem dor, que muitas vezes não sabem que tem a doença e a descobrem apenas durante o parto ou alguma outra cirurgia ginecológica. 

Então, o que diferencia essas mulheres? Apenas o grau da doença? 
Sem dúvida é um dado importante, mas podemos ir além e questionar: e o estado psicológico também influencia esse cenário? De que forma?
Pesquisas também apontam que havendo uma história de vida significativamente estressante anterior ao diagnóstico, esse possa ser mais um fator dificultador que influenciará a forma como a paciente irá lidar com a doença.
Assim, fica evidente que tratar a endometriose não significa tratar especificamente um órgão doente e sim a pessoa como um todo por meio de um olhar contextualizado e individual do significado desta doença para a paciente, identificando como ela entende a sua condição física, como se percebe, como vivencia suas emoções e seu corpo.

A psicoterapia tem como objetivo auxiliar na construção da base emocional trabalhando todas as questões que permeiam a condição de conviver com a endometriose: âmbito pessoal, familiar, afetivo, profissional, dentre outras questões, não só por meio de um trabalho verbal, mas também simbólico, encontrando a maneira única de cada paciente de expressar a dor emocional, pois quando não há espaço para simbolizar este tipo de dor, ela acaba sendo vivida corporalmente. É como se a memória emocional ficasse perdida no corpo, repetindo-se compulsiva e defensivamente à espera de uma possibilidade de emergir de forma mais adequada. É comum não percebermos que os sintomas orgânicos podem se referir a um determinado sentimento conflitivo. É mais ou menos a seguinte situação: se a emoção não tem uma via aceitável de saída, o corpo fala por ela na forma de doença.
Portanto, sentir-se mal, desanimada, insegura, com baixa auto-estima, depressiva e cheia de dúvidas, pode ser normal por alguns dias, mas é preciso reagir, afinal essa condição emocional só irá dificultar a melhora da sua dor e da sua qualidade de vida, pois, como vimos, o seu “estado de espírito” afeta a sua doença.
Então busque ajuda especializada, cuide-se! Você merece esse carinho com você mesma!
Lembre-se: conhecer-nos integralmente a nós mesmos, é o nosso constante desafio!"

Agradecemos a Lilian Donatti pelo interesse em compartilhar conosco um pouco da sua visão como Psicologa e Psicoterapeuta!!! 
É isso, meninas!! Não adianta a gente apenas cuidar do físico, se o nosso emocional também se encontra adoecido pela Endometriose!!! Só assim vamos consegui, de fato, a tão sonhada qualidade de vida!!!

Equipe GAPENDI
Marília Rodrigues
Luciana Diamante

Nenhum comentário:

Postar um comentário