Nosso post de hoje é bem especial!!! Vamos tá falando um pouco sobre a videolaparoscopia!
Toda portadora de endometriose, que nunca passou por esse procedimento, ao ser informada pelo médico da necessidade de ser submetida, com certeza fica com aquele friozinho na barriga!! Aquela ansiedade misturada com dúvidas e até mesmo o medo; afinal de contas tudo o que é desconhecido nos trás um pouco de medo, ne?!!
Pois então, uns dias atrás a nossa amiga Mayara Silva postou nos nossos grupos no facebook um resumo muito bem feito de como foi feita a videolaparoscopia dela. Cheio de detalhes, ela conseguiu contar um pouco da sua história e tirar um pouco da aflição de quem nunca fez um procedimento desse tipo.
Por isso mesmo pensamos: Porque não postar isso no blog? Temos certeza de que será muito útil e vai ajudar a esclarecer muitas dúvidas e matar um pouco da curiosidade de como é es se procedimento!
Porém devemos lembrar de que cada caso é um caso, portanto as cirurgias podem e devem ser diferentes! Varia desde a equipe que vai entrar no centro cirúrgico, uso do dreno, alimentação, permanência no hospital até o tempo de repouso e recomendações!! O nosso objetivo aqui é apenas tentar desmistificar alguns tabus e incertezas que bate antes de um procedimento como esse!!
Lembrem-se também de que é essencial questionar e tirar todas as dúvidas com o seu médico especialista!! Até mesmo aquela dúvida que a gente julga ser boba ou besta! Em relação a Endometriose e a videolaparoscopia isso não existe, hein, meninas!!! O nosso médico está ai para isso e ele é a melhor pessoa para nos orientar e tirar aquelas minhoquinhas que insistem em aparecer!!!
Mas vamos lá conhecer a história da Mayara!!!
"Me chamo Mayara e nasci em 1989. Minha primeira menstruação veio quando eu tinha 12 anos de idade,
em um ciclo de 28 a 35 dias. Com o passar do tempo, percebi que estava sentindo muita cólica
e aparecendo espinhas. Quando tinha 17 anos, fui a primeira vez em uma ginecologista que me receitou um anticoncepcional. Com o
uso desse medicamento minha pele melhorou muito e as cólicas também foram
abrandadas. Em 2007 passei muito mal com uma cólica insuportável, fui parar
no hospital. O ginecologista que me atendeu solicitou que fizesse um ultrassom e
mediante a análise do mesmo afirmou que o meu problema era amenorreia. Então,
ele prescreveu uma medicação e também trocou o anticoncepcional para outro. Em
2008 , quando comecei minha faculdade com toda a empolgação, minhas espinhas
começaram a aparecer novamente, o que me incomodava muito. Então, procurei uma dermatologista e ela mudou o anticoncepcional. Porém, eu estava esquecendo muito de tomar as
pílulas diariamente, o que acabou não dando o resultado esperado do tratamento. Com a decisão tomada de me casar em Janeiro de 2009 e também com
a pretensão de terminar o curso para depois ter filhos, decidi retornar ao
consultório da minha ginecologista em busca de um novo tratamento. A Dra. mudou meu anticoncepcional para um que não tinha pausa.
Finalizei minha faculdade em agosto de 2011 e já em setembro
parei o anticoncepcional para tentar engravidar. Procurei então a minha médica e ela me receitou um acido fólico e comecei a me preparar para essa nova etapa.
Comecei a prática de exercícios em uma academia, fazia drenagem, mudei
totalmente a alimentação. Durante 7 meses tentando engravidar notei que a pele estava
muito oleosa, os pelos aumentando, muita
acne e cólicas fortes. Foi então que a ginecologista solicitou o ultrassom
transvaginal e, após análise do mesmo, verificou-se que eu tinha ovários
policísticos.Em
Abril de 2012, voltei a
tomar anticoncepcional para "limpar" os ovários e com isso minha pele
melhorou muito e os cistos diminuíram.
Seis meses depois , parei o anticoncepcional para tentar engravidar novamente e minha médica receitou um indutor de ovulação. Tomei durante 6 ciclos
e sem sucesso, só sofrendo com sintomas
ainda piores: cólicas muito fortes (só melhorava com os medicamentos fortes), diarreia e sangue nas fezes, pele oleosa, pelos aumentando, muita
acne e dor na relação sexual. O mal-estar era tão grande que eu já não estava
conseguindo ter uma rotina diária normal, prejudicando varias áreas da minha
vida. Tive que diminuir trabalho e, por várias vezes evitava sair de casa por
estar me sentindo mal. Passei por vários médicos e ninguém descobria o certo,
só me passavam medicamentos que de nada adiantavam ou até mesmo pioravam ainda
mais o meu estado.
No inicio de 2013, com o apoio do meu Esposo, meus pais, meus
pastores e vários irmãos da igreja começamos uma campanha de oração em busca
de uma resposta de Deus. E foi durante
esse período de orações intensas e fervorosas, que a esposa do meu pastor nos
convidou a participar de um monte. Também, nessa mesma época, ela teve um sonho
que eu estava grávida, com uma barriga enorme, tentando ganhar neném, mas o
bebê não saía; então, em seu sonho, de repente só saíram grandes bolas de
sangue do meu útero. Fiquei com isso na cabeça e pesquisei muito na
internet sobre meus sintomas, me identifiquei muito com a endometriose.
Comentei com a minha médica e ela disse que no momento não indicaria a
videolaparoscopia; afirmou que a cura seria a gravidez e me encaminhou para uma
clinica de Fertilização in vitro.
Fiquei muito confusa e tomei a decisão de procurar outro
ginecologista, o qual, ao ouvir o que descrevi para ele, pediu que eu
fizesse uma histerossalpingografia e que provavelmente precisaria da videolaparoscopia.
Fiz a histerossalpingografia, procedimento complicado , no qual senti muita dor e foi extremamente
desconfortável. O médico verificou o exame e constatou que estava tudo normal. Resolvi, então, procurar informações a respeito
da fertilização in vitro e fui informada que, inicialmente, eu teria que cuidar da endometriose e depois tentar a FIV. Fiz alguns exames e fui encaminhada para um especialista
em Endometriose.
Já no
exame de toque, o especialista disse que eu teria que fazer uma videolaparoscopia e me encaminhou para o proctologista, o qual me pediu uma ressonância
magnética e uma colonoscopia. Passei por uma
grande equipe médica que me pediu vários exames e concluíram que eu teria que passar por uma cirurgia por conta da endometriose. A principio a cirurgia seria por vídeo e os médicos me explicaram as possíveis complicações.
Havia vários focos de endometriose nos meus órgãos e meu intestino estava
prestes a obstruir. Tivemos que correr
atrás, pois, seria uma cirurgia muito cara e não tínhamos convênio e além de
tudo, tratava-se de uma cirurgia super delicada. Os riscos eram tantos que tive
que assinar um termo de consentimento de possíveis complicações e reconhecer
firma no cartório. Havia até mesmo o risco de retirada de órgãos e abertura de
toda a barriga se fosse necessário.
Continuamos
com jejuns e orações, pedindo a Deus que direcionasse tudo. Dentro de um mês conseguimos
nos organizar, portas foram se abrindo e tudo foi providenciado. A data da cirurgia foi marcada e no dia 9 de maio de 2013
(quinta-feira), fui submetida ao procedimento cirúrgico, o qual foi concluído
com sucesso.
PREPARAÇÃO PARA CIRURGIA
Três dias antes da cirurgia: fiz uma higiene geral com depilação (buço, axilas, virilha, pernas e até barriga), fiz também uma hidratação no cabelo, uma esfoliação corporal e organizei toda a mala com camisolas, roupões, lingerie mais frouxas, pantufa, chinelo, roupas bem leves e objetos. Passei também pelo anestesista para uma conversa sobre peso, históricos familiares e alergias. Um dia antes da cirurgia tomei café da manhã bem leve e tomei o laxante com suco de limão, passei o dia no banheiro esvaziando o intestino e só comi algumas bolachas água e sal, gelatina e água de coco durante o dia. Seis horas antes da cirurgia não ingerir mais nenhum alimento, nem sólido, nem líquido.
Acordei 5:00 da manhã, tomei um banho, terminei de organizar as coisas e já fui para o hospital. As 6:30 veio a enfermeira, pediu para tirar toda a roupa, me passou touca, sapatilhas e roupa aberta do hospital e pediu que eu me deitasse na maca. Me levaram para o centro cirúrgico, onde o anestesista já me aguardava.
ANESTESIA GERAL
Primeiramente, o médico ajudou a me tranquilizar com conversa
e piadinhas. Enquanto conversávamos, injetou
a anestesia na veia da mão. Lembro-me dele pedir que eu virasse de costas para aplicar
uma peridural, daí para frente, não me lembro de mais nada, apaguei
completamente.
CIRURGIA
Foram colocados quatro instrumentais dentro de mim através de
cinco “buraquinhos” feitos pelos médicos: um no umbigo, dois do lado esquerdo e
dois do lado direito (Levei no total de 20 pontos) também, foi colocada uma
sonda na minha uretra e fui entubada através da garganta. Meu abdômen foi
inflado com um gás que no final da cirurgia foi retirado. A cirurgia iniciou
7:00h e terminou as 13:00h, fiquei em
observação em uma sala por 1 hora e mesmo estando muito sonolenta, a primeira coisa que fiz foi olhar
se tinham cortado a minha barriga toda e
perguntar se tinham retirado algum órgão.
Agradeci a Deus ao saber que só havia sido necessário fazer a abertura no umbigo
e os quatro furos na barriga e agradeci também por não ter sido necessário
retirar nenhum dos meus órgãos.
A cirurgia foi um sucesso! E, creio eu que realmente foi um livramento
de Deus, pois minha situação estava pior que os médicos imaginavam. Havia
vários focos de endometriose na parte pélvica e no intestino, tiveram que tirar
cistos no ovário esquerdo, 13 cm do meu intestino e também o apêndice, pois estava inflamado, e isso só foi descoberto durante a cirurgia.
O médico disse que se eu não tivesse feito corria o risco de
logo ter sérios problemas e até mesmo ter que fazer uma cirurgia de emergência.
Deus sabe o que faz! Deus foi maravilhoso!! Os médicos disseram que nunca viram
uma cirurgia de tão grande porte ser tão bem sucedida e não ter que abrir a
barriga toda, não ter que tirar nenhum órgão, e não ter precisado de ir para a
UTI a qual já estava reservada, por precaução, tamanho era o risco que eu
corria. Após a cirurgia, entregaram os conteúdos retirados para
meu esposo e meu pai para levaram para patologia.
APÓS CIRURGIA
Já liberada pelos médicos, ainda muito sonolenta, fui levada ao apartamento.
Lá chegando, vi meu esposo e meus pais. Os médicos e enfermeiros passaram para falar da cirurgia e ver
se estava bem sempre usavam estetoscópio para auscultar a respiração, mediam a temperatura
e avaliavam os batimentos cardíacos. Recebi antibióticos, anti-inflamatórios, muito
soro e analgésico tudo por via venosa ( na veia da mão) e injeção na barriga e bumbum. Usei uma sonda no canal vaginal que foi colocada na cirurgia e teve
que permanecer por 10 horas após o procedimento, por causa do envolvimento do
ureter na cirurgia. A sonda não dói, só um incômodo no meio das pernas. A retirada também não dói. Obviamente você sente o
procedimento quando a enfermeira,
primeiramente, esvazia o gás que fica
dentro da sonda e depois ela puxa com
delicadeza mas não dói nada, só há o incômodo de ardência.
Depois da retirada da sonda, me ajudaram a
levantar da cama e deram –me apoio para
que desse os primeiros passos. Fiquei um
pouco zonza e doeu um pouco ao me levantar, o que é normal por conta do procedimento, da anestesia e por ter ficado muito tempo sentada e sem me alimentar. Minha mão estava ''inchada'', por causa
do acesso à veia. O soro foi retirado 16 horas após a cirurgia. Foi tranquilo
não doeu nada. Depois fiquei mais livre para caminhar.
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Foto logo após a cirurgia |
A
retirada dos curativos é muito tranquilo. Sem dor alguma! Meu primeiro xixi sem a sonda ardeu de levinho, depois passou.
Não pode fazer força. Só deixar fluir. Além do soro, recebi uma alimentação pastosa (comida batida no liquidificador), muito suco e gelatina. Algumas gotinhas de sangue, algo que suja muito de
leve o absorvente, apareceram quando fui ao banheiro fazer xixi. Vi também que tinha um pouco de
sangue no vaso sanitário. Perfeitamente normal, depois de uma menstruação e uma
cirurgia. Movimentei-me com cuidado! Acordava de vez em
quando de madrugada para me mexer. O certo é não permanecer na mesma posição
durante muito tempo!!
Atenção para os gases!! Eles são o pesadelo, portanto, soltem sem vergonha!! Façam isso devagar
para não machucar. Tomei um remédio para ajudar. Os gases deixam a barriga muito
grande. Enorme! Parece que a gente está grávida. Peça ajuda para se levantar e
caminhar devagar, porque melhora rapidinho. Não fale muito!!
Dormi apenas duas noites no hospital depois da
cirurgia! Recebi alta com todas as receitas das medicações bem como deveria usa-las.
REPOUSO EM CASA
Os médicos pediram para eu permanecer em um hotel por uma semana,
pois minha cidade fica longe, e deveria ficar em observação e voltar para o
retorno.
Nos primeiros dias a gente sente dor ao se mexer e andar, mas é necessário fazer isso para uma boa recuperação. Dói
também ao tossir e espirrar. É necessário ajuda para se levantar, para não
forçar muito. Não dá para exigir nada da gente. Fazer xixi é devagar e com
cuidado, pois sangra um pouco. Tomar remédio na hora certinha é importante, senão
dói muito. Dormir é um pouquinho complicado, porque é difícil achar uma posição.
Notei também que estava duro ao redor do umbigo, mas disseram que era normal. E
o umbigo às vezes tem algum vazamento, que os médicos explicam que é tipo um
dreno.
Já no quinto dia apos a cirurgia, senti que estava indo bem! Já conseguia levantar
sozinha e me virar bem mais! Me senti um pouco inchada, pois meu intestino
não funcionou normalmente. Ainda saíam algumas raspas de sangue bem escura e
com um odor meio forte, que disseram ser normal, por serem sobras de sangue da
cirurgia. No sexto dia acordei cedo e já fui ao laboratório fazer os exames de
sangue que os médicos solicitaram e à tarde teve retorno aos médicos e retirada
dos pontos. Deu tudo certo! Os exames indicaram que tudo estava normal e os
médicos disseram que a cirurgia realmente foi 5 estrelas, um sucesso. E para minha alegria, meia noite meu intestino funcionou pela primeira
vez... que felicidade!
No sétimo dia, logo pela manhã meu intestino já funcionou também
e tive meu primeiro espiro após a cirurgia... nossa como meu umbigo doeu.. mas
passou logo. No oitavo dia tive retorno aos médicos novamente, e recebi os DVDs
da filmagem da minha cirurgia. Dias depois, já consegui me movimentar melhor, porém com cautela, seguindo à risca a
recomendação de evitar pegar peso, subir escadas, não fazer muito esforço físico por 60 dias. Academia só poderia voltar após 90 dias.
Após um mês tive os retornos com os médicos, e constou tudo bem,
aproveitaram para retirada dos cateteres, eles me sedaram então não senti
nadinha.
MINHA CONCLUSÃO
Bem, depois de tudo o que eu passei, cheguei à conclusão de que
tudo foi permitido por Deus, para fortalecimento da minha fé, crescimento
espiritual, e para ajudar pessoas através do meu testemunho. Hoje sinto que sou uma pessoa muito privilegiada e abençoada por
Deus, pois foi tudo feito no tempo certo, no lugar certo e com as pessoas
certas, consegui sair de uma cirurgia com vida e sem nenhuma sequela, tive a
benção de encontrar profissionais que cuidaram de mim com toda competência e
respeito, tive todo apoio, todo carinho e todo amor do meu Esposo, da minha
família, dos irmãos em Cristo, amigos e principalmente de Deus! Além de tudo Deus usou um casal que me
presenteou com mais da metade do valor
da cirurgia. Por tudo isso, vejo que Deus realmente agiu e tem agido de uma
forma especial em minha vida, principalmente a partir do momento que clamei e
descansei na presença do Senhor. Agora, sigo confiante que, no tempo certo de
Deus, seremos presenteados por Ele com mais um milagre: o milagre de eu e meu
esposo sermos pais e então essa bênção do Senhor em nossas vidas estará
realizada por completo, pois, para Deus nada é impossível!"
Agradecemos muito a nossa amiga Mayara Silva por dividir conosco sua experiência!! Se você também quer compartilhar sua experiência, contar sua história com a endometriose, nos envie por email: gapendi@hotmail.com
Será um prazer publicá-la aqui no blog!!
Marília Gabriela Rodrigues
Luciana Diamante