-
Ah, sim. Pois não! Eu tenho agenda para semana que vem, pode ser?
- Pode sim, claro. Ah, só para
lembrar: vou passar pelo convênio, viu?
-
Ih, desculpe, mas o doutor não atende mais a nenhum convênio, somente
particular.
- Como assim? Há alguns meses liguei e
vocês disseram que ele atendia o convênio!
-
Pois é, mas agora ele não está mais atendendo a nenhum convênio. Sinto muito.
Atualmente (e
infelizmente), o diálogo acima tem sido muito frequente entre as portadoras de
endometriose. Apesar da dificuldade que sempre existiu (e continua existindo)
em encontrar este “abençoado” médico, até bem pouco tempo atrás, era possível
conseguir passar em consulta com um ginecologista (que fosse especialista em
endometriose) através do Plano de Saúde. Porém, infelizmente, esta não é mais a
realidade para a maior parte das portadoras. Definitivamente, “especialista em
endometriose” virou artigo de luxo e porque não dizer o “sonho de consumo” para
muitas mulheres que sofrem com esta doença!
E, então, o que
devemos fazer diante desta situação? Correr para o SUS? Esta seria a opção mais
lógica, já que o Sistema Único de Saúde tem como um de seus princípios (assegurados
pela Constituição) a “Universalidade”,
ou seja, “a saúde é um direito de todos e
dever do Estado”.
Ao que nos parece,
este princípio não se aplica bem às portadoras de endometriose. Se é dever do
Estado nos oferecer assistência médica para o nosso problema de saúde, então
precisamos informar, urgentemente, aos nossos excelentíssimos governantes de
que estão falhando neste dever e nos impedindo de obtermos nosso direito a ter
um atendimento de qualidade e de fácil acesso!
Afinal, a realidade é
uma só: os hospitais públicos especializados em endometriose no Brasil podem
ser contados nos dedos e não estão disponíveis em todos os Estados!
Aproveitando o
assunto, é bom deixarmos bem claro à nossa presidenta, ministros, governadores
e prefeitos que a endometriose não é uma doença regional, quer dizer, ela não
afeta somente quem mora na região Sudeste do País, por exemplo. Muito pelo
contrário. Em nosso grupo temos participantes de praticamente todas as regiões
do Brasil. Afinal, somos mais de 6 milhões de mulheres com endometriose.
Estamos espalhadas por diversos Estados e regiões.
Mas, então, porque os
hospitais públicos que mantem um ambulatório de endometriose ficam mais
localizados em determinadas cidades, como São Paulo, por exemplo? Não deveriam existir ambulatórios de endometriose em vários
outros hospitais do SUS espalhados em todo Brasil? Não seria este o princípio
da Universalidade: “saúde ao alcance de todos”?
Pois é, né? Ao que
parece, o nosso Ministro da Saúde não tem conhecimento disto, ou não tem
interesse em saber como sofrem as brasileiras com endometriose neste país. Uma
vergonha!
E quanto aos Planos
de Saúde? Pensaram que não íamos tocar neste assunto? Oras, iniciamos este
texto justamente mostrando uma problemática grave, cuja tendência é piorar
ainda mais: a falta de especialistas que atendam pelo convênio. Antigamente,
reclamávamos que os Planos não queriam cobrir os custos do nosso tratamento,
especialmente o cirúrgico. Isto sempre foi um grave problema e continua sendo.
Porém, agora, para piorar ainda mais nossa situação, não temos nem como nos
consultar com um especialista sem precisar pagar pela consulta. O que é um
absurdo! Para quê, então, pagamos o Plano de Saúde? Para fazer hemograma? Do
jeito que as coisas estão, daqui a pouco até um simples hemograma será negado
pelas operadoras.
E o que faz a ANS?
Bom, recentemente a ANS incluiu em seu Rol, um procedimento específico para o tratamento
da endometriose: a cirurgia por videolaparoscopia. Ótimo, maravilhoso. Mas, de
quê adianta isto se praticamente não existem mais especialistas atendendo pelos
planos? E quando dizemos “especialistas”, não estamos falando de um
ginecologista qualquer (que o Plano insiste em nos empurrar), estamos falando
de um médico que se dedica integralmente ao estudo e ao atendimento de
pacientes com esta doença. Afinal, a endometriose não é como um “corrimento
vaginal” que qualquer ginecologista sabe tratar. Além disto, as portadoras
sabem muito bem o que é sofrer nas mãos de ginecologistas que não foram sequer
capazes de levar em consideração suas queixas de cólicas menstruais. Por isto,
em relação aos nossos médicos, somos exigentes sim! E se pagamos um Plano de
Saúde é para que tenhamos acesso aos bons profissionais!
Daí, é claro, a
solução é entrar na justiça contra o Plano de Saúde para conseguir o tão
sonhado atendimento com um médico reconhecido, além de conseguir realizar a
cirurgia sem custo e qualquer outro procedimento, certo
Ouvimos isto o tempo todo! Como se fosse algo simples de fazer, como se não houvesse custo nenhum com o advogado! Por favor! Entrar na justiça não é a solução que queremos! Queremos ter o fácil acesso aos especialistas e ao tratamento, através dos Planos que pagamos mensalmente, sem precisar desembolsar nada a parte por isto! Esta é a verdade!
Ouvimos isto o tempo todo! Como se fosse algo simples de fazer, como se não houvesse custo nenhum com o advogado! Por favor! Entrar na justiça não é a solução que queremos! Queremos ter o fácil acesso aos especialistas e ao tratamento, através dos Planos que pagamos mensalmente, sem precisar desembolsar nada a parte por isto! Esta é a verdade!
Falando nisto,
sabemos que estes especialistas têm lá seus motivos para parar de atender por
convênio. Temos consciência dos valores baixos que recebem por consulta, para
não dizer dos valores vergonhosos que os planos pagam para que eles realizem
uma cirurgia complexa que, às vezes, leva 5-6 horas. Tudo bem, cada um sabe onde
seu bolso dói. Porém, o que nos chama a atenção são os valores cobrados por
alguns destes médicos. Claro, são especialistas, estudaram prá caramba,
gastaram muito tempo e dinheiro para chegar onde estão, mas... não dá para deixarmos
de comentar que quanto mais famoso este médico fica, mais cara passa a ser a
consulta e, também, os valores do tratamento, especialmente o cirúrgico. Vira
um verdadeiro comércio!
Eles acabam se transformam em médicos “estrelas” que infelizmente brilham longe de muitas de nós. Porque, vamos combinar: este papo de que endometriose é doença de mulher rica, estudada e bem sucedida, já caiu por terra há muito tempo, né? As pessoas não fazem ideia de como a endometriose destrói nossa vida financeira. E também não fazem ideia da quantidade de mulheres com baixa renda que são acometidas por esta doença! Pois é, quem não tem dinheiro também não consegue ter o diagnóstico de endometriose. Sofre com os sintomas da doença, sem saber que são portadoras. Talvez por isto, esta doença ficou tanto tempo sendo atribuída somente às mulheres ricas, claro...elas podem pagar para conseguir o diagnóstico!
E o que podemos
concluir diante disto tudo? Listamos algumas conclusões:
1º.
A endometriose continua
sendo uma doença completamente abandonada pelo Estado. O bom é que, neste ano,
ouvimos rumores de que esta situação irá mudar em nosso país. Estamos
aguardando, nos colocamos à disposição para ajudar no que for preciso e estamos
torcendo muito para que isto aconteça!
2º.
Boa parte das portadoras,
para não dizer a maioria, continua ainda muito distante de conseguir ter um
atendimento de qualidade da maneira como precisam e merecem! Elas só conseguem
ver o brilho daquele “médico estrela” muito ao longe, quase como um pontinho
minúsculo no céu!
Precisamos muito sair às ruas e tentar conscientizar
a população sobre esta doença tão devastadora. Precisamos que as mulheres, que
sofrem com os sintomas desta doença e continuam nas mãos destes ginecologistas (que
acham que cólica é normal), tenham conhecimento de que podem ser portadoras de
endometriose e, portanto, precisam de um tratamento especializado. Necessitamos
falar na mídia quem realmente somos, como realmente sofremos e como é o nosso
dia a dia com a doença!
Portanto, vamos nos unir! Se você é uma portadora e passa por todas as dificuldades que falamos aqui no texto, junte-se ao GAPENDI. Não sofra sozinha. Vamos nos juntar para ficarmos cada vez mais fortes e assim incomodarmos muito os nossos Governantes, os Planos de Saúde e todos aqueles que de certa forma estão nos impedindo de exercer nosso direito à saúde, à qualidade de vida!
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Até a próxima!
Equipe Gapendi
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