Oláa!!
Continuando os nossos post´s sobre as mamães portadoras de Endometriose, hoje trazemos a história da nossa amiga Thereza Christina Griep, de Araguari/MG.
A Thereza sempre sentiu dor, desde a primeira menstruação!! Como muitas portadoras, sempre procurou médicos e todos diziam que as dores eram normais! Até que aos 28 anos junto com as dores intensas, ela também começou a apresentar hemorragias!!! Em 2013, ela finalmente operou e logo em seguida procurou ajuda de médicos especialistas em reprodução humana e acabou descobrindo que o exame do Hormonio Anti- Mulleriano dela estava muito baixo.
Para quem não conhece e não sabe que exame é esse, o Hormônio Anti-Mulleriano (HAM) é um exame de sangue simples, porém usado como marcador da reserva ovariana usado em técnicas de Reprodução Assistida. Esse hormônio, quase sempre, dosa o estoque de células germinativas e a qualidade de óvulos estocados nos ovários. Por isso é tão usado por alguns médicos especialistas em reprodução humana.
Voltando a história da nossa amiga Thereza, vale a pena ler pois é surpreendente!!
"Minha história começa a 15 anos
atrás, quando fiquei menstruada pela primeira vez. Nos primeiros ciclos não
senti nada, mas com 6 meses comecei a sentir cólicas absurdas sempre com muito
vomito. Quando completei 16 anos, ou seja um ano após a menarca minha mãe me
levou no ginecologista para ver o que estava acontecendo e a ginecologista
falou que era normal e me receitou anticoncepcional para diminuir as cólicas,
realmente funcionou nos primeiros meses eu melhorei muito das dores durante os
ciclos menstruais.
Com 17 anos tive uma crise de
dor, desmaiei e vomitei muito, fui parar no ambulatório da escola que eu
estudava, disseram que eu estava com pressão baixa e hipoglicemia, tomei soro, medicação e pronto.
Mais dois anos se passaram e eu
estava com 19 anos veio a próxima crise de dor, muito vomito, comecei a
apresentar febre junto com as dores e fui parar no Pronto Socorro, o médico me
examinou e disse, você está com apendicite, vou te colocar no soro, você irá
receber remédio para a dor e veremos como será a evolução, depois de 3h
internada a dor, o vomito e a febre passaram e o médico me liberou dizendo que
eu tinha um tipo de apendicite raro que inchava e desinchava e por isso não
precisava operar.
Esse mesmo episódio da dor
crônica se repetiu mais duas vezes, uma com 20 anos e depois com 22 anos tive
outra crise, e nesta o médico que me atendeu no Pronto Socorro me mandou ir em
um gastro e na ginecologista pois eu poderia estar com algum outro problema no
ovário ou no intestino. Procurei uma nova médica e fiz diversos exames que não
chegaram a diagnostico algum nem no ovário e nem mesmo no trato gástrico.
O tempo passou e as dores
incomodavam muito, mas como todos os médicos que eu ia diziam ser normal, eu
imaginava que estava tudo bem.
Com 28 anos tive um episódio
grave de hemorragia, fui parar 3 x no hospital e ninguém sabia me informar o
que gerou a tal hemorragia, a qual me levou a um quadro de anemia. A hemorragia
passou e retornou 7 dias após, foi então que consultei com um especialista ele
avaliou, mas não pode me examinar devido ao fluxo muito forte, o quadro e
exatamente como ele disse após x dias a hemorragia passou e conforme orientação
dele e da minha ginecologista suspendi o anticoncepcional. Ai começaram as
dores novamente, só que agora mais fortes a cada mês, resolvi tentar
engravidar, já que não estava tomando remédio e de jeito nenhum conseguia um
positivo, fizemos vários exames e o máximo que conseguimos foi descobrir que eu
tinha um cisto no ovário.
Fiquei nesta luta por um ano, foi
um ano de cólicas insuportáveis, idas sem fim ao Pronto Socorro e mais duas
indicações de cirurgia, agora para a retirada do ovário direito, devido a um
cisto que tomou uma proporção gigantesca e que me fazia sentir dores
insuportáveis, não deixei o médico operar, para aguentar as dores eu tomava uma
quantidade infinita de medicações para a dor e os exames que nunca chegavam a
diagnostico nenhum. Cheguei a tomar medicação forte de 4 em 4h para a dor
durante 15 dias do mês, pois as dores me incapacitavam de tudo, somente com a
medicação eu conseguia ter uma vida +- normal.
Após um ano de dores, exames e
nenhum diagnostico a médica me disse que eu tinha algum problema para
engravidar, que ela não sabia o que era e me mandou procurar um especialista.
Minha cunhada que é medica me
levou em um especialista em Endometriose e na primeira
consulta em 20\12\12 ele me examinou e
na mesma hora veio a bomba:
“ Você tem endometriose profunda,
seu intestino tem um tumor enorme que está fechando o mesmo e comprimindo o
útero, do jeito que está você nunca irá engravidar! Os médicos que você foi até
hoje nunca viram seu problema? Você
nunca sentiu cólica? Você nunca teve problemas no intestino durante o ciclo
menstrual? Isso ai não se formou esses dias, faz uns 15 anos que vem evoluindo
seu problema. Precisamos fazer uma cirurgia para retirar este tumor e
ver o que mais está acometido, pois seu caso não é dos mais simples e não sei o
que poderemos encontrar e nem o que poderemos salvar no seu caso”.
O choque foi enorme, saímos do
consultório chorando, sem saber ainda direito o que era endometriose e o que
ela poderia causar.
Foram necessários 15 anos de
muito sofrimento, muita dor, para somente após tudo isso eu descobrir que tinha
endometriose e nunca fui tratada como era necessário? Por que nossos médicos e ginecologistas não sabem e não
entendem esta doença para podermos iniciar o tratamento logo no início? Como ainda é possível num mundo
globalizado e com tanto informação como são os dias de hoje?
Bom fizemos todos os exames e dois meses depois do diagnostico estava
eu no centro cirúrgico para a videolaparoscopia para a retirada dos cistos e do
tumor que acometia o intestino. Dia 28\02\2013 começou a cirurgia as 07:00h da manhã
e acabou mais de 14:00h, foram retirados 20cm do meu intestino, junto
com o tumor, o ovário e trompa esquerda, um pedação do ovário direito pois
havia um grande endometrioma dentro dele, mais diversos cistos na pelve, sem
contar na adenomiose que também constava no laudo da ressonância. Foi feito a
biopsia de tudo e como já era esperado, todas as peças eram de endometriose. O médico
optou por não usar nenhum tipo de medicação e me indicou engravidar como
tratamento, já 30 dias após a cirurgia.
Após os 30 dias, procurei três especialistas em fertilidade os quais
pediram mais um monte de exames, todos deram normais, porem como fiquei apenas
com um pedacinho do ovário direito minha reserva ovariana ficou muito baixa,
meu HAM é 0,24. O primeiro médico em Uberlândia avaliou o caso e veio o diagnóstico,
sua chance de engravidar mesmo com a fiv é de 1%. Eu e meu marido não
acreditamos no diagnóstico e fomos em outros dois médicos, um em Uberlândia e
outra em Porto Alegre, a ultima médica em Porto Alegre avaliou meu caso e disse
que minha chance era reduzida, mas que eu iria conseguir, me liberou tentar
engravidar naturalmente com coito programado somente por 4 meses, infelizmente
não consegui, e tivemos que partir para a FIV, pois a endometriose poderia
voltar e eu perder o pedacinho de ovário que sobrou.
Em setembro de 2013 fiz a fiv, tomei doses altíssimas de hormônios
para que meu pedacinho de ovário respondesse a estimulação, conseguimos 5 óvulos,
porem um estava cego, então ficaram 4, os 4 fertilizaram. Em 28\09\13 fizemos a
transferência dos dois melhores embriões.
Em todo o tratamento que é caro e desgastante, nada foi pior que
esperar os 10 dias depois da transferência para ver se deu certo ou não. No dia
anterior ao beta tive um pequeno sangramento e fui dormir com muito medo de ter
dado tudo errado. Fomos cedo para o laboratório e meu marido não teve coragem
de ir comigo buscar o resultado, pensei um monte de coisas e quando peguei o
resultado fiquei sem saber o que fazer, depois de muitos beta negativos, um
beta com o valor de 464 depois de 10 dias da transferência era um sonho sendo
realizado. Então dois dias depois do Beta fizemos o primeiro ultrassom e veio a
maior surpresa, não era um bebe e sim dois, os dois embriões colocados pegaram.
Agora já
estou no final da gestação, os bebes estão com 34 semanas e são enormes, minha
gestação foi muito tranquila, não tive nenhum tipo de enjoo, vomito, nenhum
descolamento e nenhum grande desconforto, a não ser um pouco de falta de ar,
mas também com dois meninões na barriga nada mais natural. Os bebes são enormes
e estão muito saudáveis.
Meninas não desistam do tratamento e nem
dos seus sonhos, mesmo se vocês encontrarem médicos que não sabem tratar nosso
problema, ou de médicos que nos dão diagnósticos muito tristes e frustrantes,
nós podemos vencer a endometriose e além ter uma vida normal, podemos sim
realizar nossos sonhos."
Agradecemos muito a Thereza por ter aceito o nosso convite e ter compartilhado conosco essa sua história, já que sabemos que muitas tentantes, quando realizam o exame do Mulleriano, ficam aflitas e tristes quando o resultado é baixo!! Com isso acabam indo para o processo de FIV descrentes e desmotivadas!!!
Sua história, Thereza, só nos prova que quando Deus quer, nada impede contra e que não podemos desistir jamais dos nossos sonhos!!! Que seus bebês venham com toda saúde e que encha sua vida de toda felicidade!!!
Gostaram?!!! Amanhã vamos trazer mais uma linda história de uma portadora de endometriose e que conseguiu realizar o sonho da maternidade!! Não percam!
Até a amanhã!!!
Equipe GAPENDI
Marília Rodrigues
Luciana Diamante